O neurocirurgião paraibano José Ramalho Neto iniciou uma mobilização nacional para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigue supostas fraudes cometidas por empresas terceirizadas de auditoria médica, contratadas por operadoras de planos de saúde. O foco da denúncia está na atuação de profissionais sem formação médica adequada, o que tem afetado especialmente crianças com autismo (TEA) e pacientes com câncer.
De acordo com o médico, empresas contratadas pelas operadoras estariam restringindo, de forma irregular, o acesso a tratamentos, utilizando o que ele chama de “estratégia Delay, Deny, Defend” — atrasar, negar e postergar judicialmente procedimentos prescritos. Ele afirma que, nos últimos três anos, houve aumento expressivo nos lucros das operadoras, enquanto pacientes acumulam prejuízos e, em alguns casos, morrem à espera de autorizações.
Prints e registros apresentados por Ramalho indicam que parte das auditorias é feita por profissionais formados em áreas como enfermagem ou administração, sem registro no Conselho Regional de Medicina, o que fere normas do próprio Conselho Federal de Medicina (CFM). Em ao menos dois casos na Paraíba, ele relata que pacientes faleceram enquanto aguardavam cirurgias emergenciais.
Ramalho Neto, que também apresentou as denúncias ao Ministério Público e à ANS, afirma que já recebeu ameaças após iniciar a mobilização. Ele também aponta um crescimento de 500% nas reclamações registradas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), além de mais de 300 mil ações judiciais movidas contra operadoras por negativas de tratamento.