O que Abel Ferreira tem a ver com a política da Paraíba?

Quando tudo vira urgência, nada vira construção
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Como bom palmeirense, adoro o Abel Ferreira. Mais do que o técnico, gosto de ouvi-lo. Sempre tem uma fala que escapa do futebol e entra na vida. Ontem, depois da vitória sobre o Vasco, ele soltou mais uma de suas reflexões que parecem sob medida pra outros campos — inclusive o da política.

Disse ele, em uma metáfora sobre a falta de paciência de torcedores com jogadores recém-chegados:

“Nós estamos a trocar o gramado no CT e tudo tem um processo. Tem que meter areia. Esperar. Jogar a semente. Esperar. Regar. Esperar. Cortar. Esperar mais. Só depois você pisa firme, porque aí aguenta.”

Eu pensei: tá aí a síntese da política paraibana — ou da falta dela.

Porque aqui a eleição de 2026 parece que é mês que vem.

E agora em 2025 já tem gente se lançando para 2028, como fez nesta segunda-feira (5) o deputado Tovar Correia Lima, que anunciou sua pré-candidatura à prefeitura de Campina Grande para daqui a três anos.

A cada semana, um novo nome, uma nova aliança, uma nova intriga, um “racha” ensaiado, uma fotografia reveladora. E mais manchetes, mais bastidores, mais espuma.

Enquanto isso, como também disse Abel: “Ninguém quer ouvir. Ninguém espera. Tudo tem que ser agora. Ninguém se permite errar.”

A política como quase tudo na vida virou um grande videoclipe de 20 segundos. E a gente, da imprensa, entra nesse ritmo também.

Cobre, antecipa, pergunta. Como se outubro de 2026 fosse amanhã.

Talvez esteja na hora de respirar.

Talvez a política precise menos de cavalos soltos, foguetes desgovernados e candidatos que brotam com cinco anos de antecedência — e mais de gente disposta a esperar o tempo das coisas.

Porque quando tudo vira urgência, nada vira construção.

E como disse Abel, se você pisa antes da hora, o campo não sustenta.

Simples assim.

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