análise

Bolsonaro ganha ares de múmia (por Josias de Souza)

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Governadores de sete estados tiram foto com Bolsonaro antes de ato em SP
UOL

Concebido para irradiar a força do faraó da direita, o ato da Paulista foi um crepúsculo. A essa altura, os penares do capitão interessam aos outros. Sobretudo aos governadores que o rodearam.

Bolsonaro ganhou ares de múmia. Tarcísio, Caiado, Zema e Ratinho Jr. comportaram-se como bons embalsamadores. Interessa-lhes manter o culto ao mito, para herdar os votos dos devotos. O Supremo constrói o sarcófago.

Pela conta do Monitor do Debate Político, Bolsonaro levou 45 mil pessoas à Paulista. É quase quatro vezes menos do que os 185 mil apoiadores que estiveram na avenida em fevereiro do ano passado. Mas a novidade estava mesmo no alto do carro de som, não rente ao meio-fio.

Ronaldo Caiado, que lançou sua candidatura presidencial na sexta-feira, traduziu o momento num par de frases ao Painel da Folha: “Não tem divisão. Todo pré-candidato vai buscar o seu espaço, é normal. Mas na reta final, todo mundo sabe como construir a vitória. Nós somos da política.”

A construção da vitória da direita em 2026 é mero exercício de quiromancia. Por enquanto, sobressai o constrangimento de erguer uma alternativa supostamente democrática a partir do embalsamamento de uma múmia golpista.