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Análise: o vereador Guga Moov Jampa aguentaria o próprio remédio?

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Maurílio Júnior

Recém-chegado à Câmara Municipal de João Pessoa, o vereador Guga Moov Jampa (PSD) quer mostrar serviço, como todo e qualquer novato. E para se destacar em meio a nomes mais experientes, apostou em um projeto polêmico: um PL que obriga médicos das Unidades Básicas de Saúde (UBS) da Capital a registrarem ponto eletrônico a cada duas horas e proíbe o uso de celular durante o expediente.

A proposta causou rechaço imediata do Secretário de Saúde de João Pessoa, Luis Ferreira, que a classificou como “descabida”. E de fato, há uma discussão ampla a ser feita sobre o impacto da medida, tanto na fiscalização do serviço público quanto na autonomia dos profissionais da saúde. Mas antes de entrar no mérito, vale levantar um ponto essencial: por que essa mesma regra não é aplicada aos próprios vereadores?

Quantos parlamentares cumprem rigorosamente suas jornadas? Quantos estão efetivamente presentes nas sessões e no atendimento à população? Se o vereador quer cobrar assiduidade e produtividade, deveria começar pelo próprio quintal. Imaginem a cena: um ponto eletrônico na Câmara Municipal, registrando a presença dos vereadores a cada duas horas. E que tal proibir o uso de celulares durante as sessões e reuniões? Não custa perguntar: Guga Moov Jampa se submeteria a esse mesmo rigor que quer impor aos profissionais da saúde?

A intencionalidade por trás do projeto é compreensível. O discurso do controle e da disciplina é sempre bem-visto pela opinião pública. Mas não se pode cair na armadilha do moralismo seletivo. Quem fiscaliza precisa dar o exemplo.

Se Guga Moov Jampa quiser mesmo fazer diferença na política, que comece testando as próprias ideias na Câmara. Se ele conseguir, quem sabe a população não passe a levar sua proposta mais a sério?