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A farra das emendas e o ajuste fiscal seletivo

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maurílio júnior

A votação desta quarta-feira (18) na Câmara dos Deputados, que desidratou o pacote de contenção de gastos do governo Lula (PT), é mais um exemplo claro da desconexão entre os interesses do Congresso Nacional e as reais necessidades do Brasil.

Em vez de buscar soluções para os desafios econômicos, os parlamentares priorizam agendas próprias.

O ajuste fiscal, necessário para equilibrar as contas públicas, é tratado como um fardo exclusivo dos mais pobres.

O bloqueio de até 15% das emendas parlamentares, conforme previsto na emenda aglutinativa apresentada pelo líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), aplica-se apenas às verbas não impositivas.

Em outras palavras, as emendas que mais interessam aos congressistas, aquelas que garantem apoio político em suas bases, continuam intocáveis.

Essa decisão reflete uma postura recorrente no Congresso: os parlamentares legislam em causa própria, utilizando as emendas como moeda de troca para abastecer suas bases eleitorais, sem qualquer preocupação com a transparência ou o impacto fiscal dessas escolhas.

É um comportamento que transcende ideologias; não se trata de esquerda ou direita.

Enquanto isso, o mercado financeiro age com oportunismo, elevando o dólar a R$ 6,29 em um movimento claramente especulativo.

A instabilidade política serve como pretexto para justificar essa valorização da moeda estrangeira, que, na prática, agrava a situação econômica do país e penaliza ainda mais os mais vulneráveis.

É uma reação que vai além da simples resposta às incertezas: trata-se de um jogo que prioriza ganhos de curto prazo em detrimento da estabilidade econômica nacional.

E ainda há quem culpe exclusivamente o governo federal.

Não se trata de inocentar o Executivo, que também possui sua parcela de responsabilidade.

Mas é importante lembrar, no entanto, que o Congresso de hoje possui o poder de bloquear ou viabilizar políticas públicas e, mais grave, de legislar e agora executar o orçamento.