Um dos gestos mais nobres do ser humano é a gratidão e o exercício dela só traz benefícios para quem pratica.
Mas há casos em que o gesto, por mais lindo que seja, pode esperar mais um pouco. Não é o que a gente pode dizer da fome.
O número de pessoas em insegurança alimentar grave no Brasil —ou seja, passando fome— quase duplicou em menos de dois anos.
Proporcionalmente, a preocupação com o acesso a alimentos atinge maiores parcelas da população no Norte (71,6%) e no Nordeste (68%).
A informação é da pesquisa Vigisan (Inquérito Nacional Sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil) divulgado no último mês de junho.
Na Paraíba, o programa “Tá na Mesa” tem minimizado o drama de milhares paraibanos, que passaram a ter direito a uma refeição diária pelo valor símbolico de R$ 1.
Quando um Conselheiro de uma Corte de Contas ou qualquer autoridade que seja suspende um programa de tamanha importância, ele não está prejudicando o autor da ideia ou beneficiando aquele, que hoje, tem sua vida muito bem cuidada independente do dia 2 de outubro.
A fome tem pressa.
Até seria o ideal esperar o resultado de uma eleição para dar continuidade a um programa social. Mas a realidade grita. E é dura.
O gesto de gratidão a um cargo pode, sim, esperar um pouco mais.
A fome não.