Dispensa em massa na madrugada é cruel e desumano (por Lenildo Ferreira)

Nem mesmo o motivo mais plausível, fundamentado e necessário do mundo justificaria colocar no olho da rua milhares de pais e mães de família por meio de um decreto frio, enfiado em uma edição de mais de noventa páginas do semanário e em plena madrugada de um sábado do último dia do mês.
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Lenildo Ferreira (Hora Agora) Nem mesmo o motivo mais plausível, fundamentado e necessário do mundo justificaria colocar no olho da rua milhares de pais e mães de família por meio de um decreto frio, enfiado em uma edição de mais de noventa páginas do semanário e em plena madrugada de um sábado do último dia do mês.

Foi exatamente o que aconteceu em Campina Grande. Óbvio que o prefeito Bruno Cunha Lima tinha os termos do decreto definidos muito antes de sua publicação. Igualmente óbvio, portanto, que a decisão de publicizar o ato após a meia-noite, no silêncio da madrugada enquanto esses milhares de pais e mães de família dormem, foi intencional e planejado.

O dia, a hora e as circunstâncias foram escolhidos para tentar aplacar a repercussão. E isso é tão evidente quanto a crueldade que representa. E, pior, implica em uma conduta inadmissível à postura que minimamente se espera das figuras públicas.

Uma medida severa jamais poderia ser anunciada num PDF de site oficial. O prefeito tinha o dever de fazê-lo de própria voz, em uma coletiva de imprensa, olhando nos olhos de interlocutores, respondendo perguntas, assumindo plenamente a responsabilidade dos seus atos.

Imagine se uma indústria de Campina Grande promovesse uma demissão em massa por meio de um mero comunicado eletrônico veiculado na madrugada. O impacto e até as consequências jurídicas seriam veementes.

Quanto mais um homem público, um detentor de mandato eletivo, um político imbuído em um mister no qual a coragem para assumir a responsabilidade de suas decisões sem se esquivar é um requisito básico.

Pode-se se debater as justificativas para uma medida tão drástica, sem precedentes, que passa a mensagem de que a cidade quebrou ao ponto de acordar sem secretários em pastas-chaves e sem trabalhadores para abrir a prefeitura.

Aliás, pode-se e deve-se debater porque as alegações constantes do próprio decreto são insuficientes para lastrear a dimensão extremista do ato e sua extensão desastrosa. Mas, isso fica para um segundo momento.

O que resta indiscutível e marcará para sempre a história de Bruno como político e de Campina Grande é a decisão de um prefeito de usar a madrugada para colocar milhares de trabalhadores na rua.

Nada justifica a forma. Faltou humanidade, faltou coragem, faltou dignidade, sobrou frieza e crueldade.

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