Desespero de Bolsonaro transforma combate à inflação em conversa de bêbado

(Josias de Souza) Com pompa de presidente, Bolsonaro convocou ministros e os comandantes das duas casas do Congresso para uma reunião sobre a inflação dos combustíveis. Com desespero de candidato, Bolsonaro presidiu um encontro de botequim. Transmitido para a imprensa numa entrevista sem direito a perguntas, o resultado da iniciativa ficou muito parecido com conversa de bêbado.

Ficou entendido que, para aliviar a inflação que ameaça sua reeleição, Bolsonaro se dispõe a zerar os impostos sobre diesel e gás de cozinha até dezembro de 2022, desde que os governadores façam o mesmo. Para compensar a perda de receita dos estados, o presidente deseja que o Congresso aprove emenda constitucional repassando aos governadores verbas federais inexistentes.

O dinheiro de vento bancaria um subsídio que Paulo Guedes prefere chamar pelo apelido de “esforço cooperativo entre os entes federativos”. O ministro avalia que o custo da manobra será expresso numa cifra qualquer situada no intervalo entre R$ 25 bilhões e R$ 50 bilhões. O gasto será acomodado num puxadinho fiscal, uma nova laje sobre o teto de gastos. Segundo Guedes, parte do dinheiro fantasma pode surgir de uma operação ainda não realizada: a privatização da Eletrobras.

Ou seja: além de engolir sem compensações a perda de arrecadação de mais de R$ 80 bilhões referente ao projeto que tabela o ICMS de combustíveis e energia elétrica em 17% —coisa ainda pendente de votação no Senado—, os estados teriam de zerar a tributação do diesel e do gás, no pressuposto de que o centrão providenciará no Congresso um subsídio de valor incerto e origem desconhecida. Ainda não se sabe quantos centavos serão abatidos no preço final dos combustíveis Porém….

Sabe-se que, se tudo correr como planejado, o abatimento de ocasião valerá apenas durante o ano eleitoral, pode ser anulado a qualquer momento por um novo reajuste da Petrobras e produzirá um rombo a ser pago pelo próximo governo. Se nada funcionar, Bolsonaro ainda dispõe do decreto de calamidade. Algo que transformaria a reeleição num vale-tudo.

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