Bruno Cunha Lima (União Brasil) tirou licença. E não é a primeira vez. Mas continua sendo raro. O prefeito de Campina Grande oficializou nesta quinta-feira (22) um afastamento de 5 dias para uma viagem a Brasília, e passou o cargo para o seu vice, Alcindor Vilarim (Podemos). É a segunda vez que Bruno repassa o comando da cidade desde que assumiu, em 2021.
A primeira foi em novembro de 2021, quando o então vice-prefeito Lucas Ribeiro ocupou o cargo de prefeito interino durante uma viagem de Bruno à Europa. Na ocasião, o gesto teve mais o peso do protocolo do que de proximidade política. Isso porque, apesar da aliança formal na época, a relação entre Bruno e Lucas sempre foi marcada por certa distância.
Bruno tem um histórico de manter um “pé atrás” com quase todo mundo, mesmo entre aliados próximos. O caso do então presidente da Câmara, Marinaldo Cardoso (Republicanos), em 2022, é emblemático: Bruno chegou a dizer que tiraria licença para permitir que Marinaldo assumisse o cargo por alguns dias, mas a promessa não se concretizou. Posteriormente Marinaldo acabou sendo candidato a vice na chapa de oposição liderada por Jhony Bezerra (PSB).
Por isso, o gesto mais recente tem peso simbólico. Ao ceder o comando da prefeitura ao vice Alcindor Vilarim, Bruno demonstra um sinal de confiança real, o que não é trivial em sua gestão. Alcindor, ao assumir, entra para um grupo restrito de aliados sobre esse tipo de confiança.
O contraste fica ainda mais evidente quando se olha para João Pessoa. O prefeito Cícero Lucena (PP) costuma repassar o cargo ao vice-prefeito Leo Bezerra (PSB) em praticamente toda viagem oficial, algo encarado com naturalidade administrativa – um cenário, até então, irreal em Campina Grande, cercado de desconfianças… Está mudando?