O Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) iniciou na manhã desta quinta-feira (30) o julgamento do recurso contra a cassação do prefeito de Cabedelo, André Coutinho (Avante), da vice-prefeita Camila Holanda (PP), do vereador Márcio Silva (União Brasil) e do ex-prefeito Vitor Hugo (Avante). O processo é baseado em denúncias do Ministério Público Eleitoral (MPE), que aponta ligações da gestão com facções criminosas atuantes no tráfico de drogas no ano de 2024.
Durante o julgamento, o procurador do Ministério Público Federal, Renan Paes, atribuiu ao ex-prefeito Vitor Hugo a responsabilidade pelas nomeações de pessoas supostamente ligadas ao crime organizado. “Então, se permitirmos que as facções criminosas possam fazer alianças políticas com gestores, adotar apoio político em troca de cargos e isso for normalizado, a gente pode caminhar para uma situação de mexicanização do país, de criação de um poder paralelo com instabilidade para a democracia do nosso país”, declarou.
O procurador reforçou que Vitor Hugo tinha pleno conhecimento das nomeações. “Ele era o responsável pelas nomeações e pelas exonerações. […] Ele logou no sistema, ele praticou um ato administrativo e, enquanto gestor, ele tinha ciência direta e inequívoca dessa situação. Não é nem possível alegar que ah, mas foi um secretário tal, foi um gestor tal que realizou esse tipo de situação”, afirmou Paes.
As acusações têm como base as operações En Passant 1 e 2, realizadas pela Polícia Federal e pelo Gaeco. A investigação apontou uso de recursos públicos para fins eleitorais, abuso de poder político e econômico, coação ao voto, lavagem de dinheiro e peculato. Em primeira instância, os réus foram cassados e considerados inelegíveis por oito anos.