O Ministério Público da Paraíba instaurou um procedimento administrativo para acompanhar a abertura de inquérito policial que investigue a possível manipulação de resultado na partida entre AD Picuiense e Guarabira, disputada em 22 de agosto de 2024, válida pelo Campeonato Paraibano Série B. A medida foi adotada após recebimento de relatório oficial da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apontando suspeitas de fraude no confronto.
A CBF informou ao MP que recebeu alertas das empresas Sportradar e StatsPerform, especializadas em monitoramento de apostas, sobre movimentações anormais nos mercados durante a partida. Segundo o relatório, houve queda drástica nas odds para vitória do Guarabira, ainda com o jogo empatado em 0 a 0, além de volume elevado de apostas in-play e suspensão do mercado por várias casas ainda no primeiro tempo. A análise classificou o jogo com “forte suspeita” de manipulação.
Os indícios apresentados sugerem a possível prática dos crimes de fraude e corrupção em competição esportiva, previstos nos artigos 165 e 166 da Lei Geral do Esporte (Lei nº 14.597/2023), com penas que variam de dois a seis anos de prisão, além de multa. O caso foi inicialmente analisado pelo NUDETOR, depois encaminhado ao GAECO, que declinou por não identificar, até o momento, elementos que configurassem organização criminosa.
O procedimento agora está sob responsabilidade da 9ª Promotoria de Justiça de João Pessoa, que requisitou à Polícia Civil a designação de um delegado para conduzir a investigação. O Ministério Público determinou que, no prazo de 15 dias, seja informado o número de tombamento do inquérito e o registro no sistema do Tribunal de Justiça. O objetivo é elucidar a autoria e a materialidade dos fatos e identificar todos os possíveis envolvidos, incluindo atletas, dirigentes, apostadores e intermediários.