Seis anos após o incêndio que matou dez adolescentes no Centro de Treinamento Ninho do Urubu, a Justiça do Rio de Janeiro absolveu os sete réus que respondiam pelo caso. A decisão foi proferida pela 36ª Vara Criminal e considerou os acusados inocentes dos crimes de incêndio culposo e lesão corporal grave.
Estavam entre os absolvidos o ex-diretor financeiro do Flamengo Márcio Garotti, o diretor adjunto de patrimônio Marcelo Maia de Sá, os engenheiros Danilo Duarte, Fábio Hilário da Silva e Weslley Gimenes, além de Cláudia Pereira Rodrigues, responsável pelos contratos da NHJ, e Edson Colman, sócio da empresa de manutenção dos aparelhos de ar-condicionado. Na época da tragédia, 26 jogadores dormiam no alojamento improvisado em containers.
Durante a tramitação, o Ministério Público já havia retirado o nome do ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, da lista de réus, por prescrição penal — ele tinha 71 anos à época da decisão e, pela legislação, não poderia mais ser punido. O processo, iniciado em 2023, teve quatro audiências com mais de 40 testemunhas ouvidas, entre sobreviventes, dirigentes e profissionais envolvidos com o clube à época.
Ao longo da ação, outras denúncias foram rejeitadas. O monitor Marcus Vinícius foi absolvido, e os nomes do engenheiro Luiz Felipe e do ex-diretor da base, Carlos Noval, foram retirados do processo. Em paralelo, em fevereiro deste ano, o Flamengo firmou acordo com a família de Christian Esmério, o único entre as dez vítimas fatais que ainda não havia sido indenizado. O goleiro tinha 15 anos e era uma das promessas da base rubro-negra.