O deputado federal Gervásio Maia (PSB) justificou seu voto favorável à PEC da Blindagem, que impede a abertura de ações criminais contra parlamentares sem autorização prévia do Congresso. Segundo ele, seguiu orientação do líder do PSB na Câmara, Pedro Campos (PE), irmão do prefeito do Recife e presidente nacional do PSB, João Campos.
Em entrevista à Arapuan FM, nesta sexta-feira (19), Gervásio afirmou que alertou Pedro sobre o “erro” e os impactos negativos da proposta e criticou a falta de consulta à bancada. “Era importante que a bancada tivesse sido ouvida. Quando você escuta muitos, tem até a condição de ter um juízo de valor em relação àquela decisão”, disse.
O parlamentar admitiu que sua posição era contrária à PEC. “Minha opinião era contra. A matéria era e é péssima, com impacto ruim perante a sociedade”, afirmou. No entanto, votou com a maioria do partido por solidariedade ao líder. “Mesmo tendo minha posição divergente, votei com o meu líder. Sabia o preço que iríamos pagar.”
Sobre possível arrependimento, Gervásio respondeu: “Como é que eu vou me arrepender, se tomei uma decisão medindo as consequências? A consequência está dada. É assumir a responsabilidade do ato.”
Questionado sobre o que aconteceria se desobedecesse a orientação do líder, Gervásio explicou: “Um liderado sem o líder, ele mal tem o direito de falar no plenário. Porque até para usar o tempo no plenário, num plenário com 513 deputados, o líder tem que dizer: ‘Tá autorizado você usar ali o tempo do líder’. Para você estar numa Comissão Mista de Orçamento, como eu estou hoje, tendo a oportunidade de relatar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, se o meu líder não tivesse me indicado, eu não poderia estar lá. Ou você discorda do líder e se isola no processo, ou sai do partido. E aí vem um lado ruim da legislação em torno da fidelidade partidária.”
Nas redes sociais, o deputado federal Pedro Campos se arrependeu do voto favorável a PEC da blindagem. Ele disse que votou a favor, junto à maioria da bancada do partido, para evitar que a anistia avançasse — o que acabou acontecendo, após a aprovação do requerimento de urgência pela Câmara um dia depois.
“Nós do campo progressista, tínhamos duas posições possíveis. Uma era dizer que não aceitássemos discutir nenhum ponto dessa PEC, e arriscar que a anistia passasse, além de ver pautas importantes do governo, como a tarifa social de energia e o Imposto de Renda, boicotadas, ou discutir o texto da PEC, tentar retirar os maiores absurdos e buscar um caminho para barrar a anistia e avançar as pautas populares”, explicou o parlamentar.
Campos chegou a ingressar no STF (Supremo Tribunal Federal) com um pedido de anulação dos votos da PEC da Blindagem, alegando que foi feita uma “manobra” para a aprovação do voto secreto. Este último, aprovado um dia depois como emenda, aceita que as votações em casos para abrir processos criminais contra deputados e senadores.