Em 1994, o ex-governador Ronaldo Cunha Lima, que acabara de deixar o cargo para disputar o Senado, bradava aos aliados: o seu voto só me serve se ele também for dado a Humberto (Lucena), seu companheiro de chapa ao Senado, e a Antônio Mariz ao governo. “No dia 3 vote nos 3” era o slogan. Foi o último ano, a propósito, em que dois senadores e o governador da mesma chapa se elegeram na Paraíba. Tempos em que compromisso e palavra eram, talvez, bem mais fortes do que hoje.
Historio este fato para chegar a 2025, a data de hoje, em que o governador João Azevêdo (PSB) foi muito claro em relação às pretensões do seu principal aliado, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (agora sem partido), de se candidatar ao governo pela oposição, mas com a garantia de que votaria nele, João, ao Senado. “Não existe estar em dois cantos”, respondeu aos questionamentos dos jornalistas.
Conceitualmente, João está correto — e é elogiável — ao querer que seus aliados, especialmente o PSB, seu partido, se comportem da mesma forma, ou seja, apoiem e vistam a camisa de toda a chapa: do pré-candidato a governador Lucas Ribeiro ao pré-candidato ao Senado, e eventual companheiro de João na chapa, Nabor Wanderley. Mas os tempos são outros, e o que se vê, pelo menos por enquanto, é uma contradição na chapa governista.
Alguns prefeitos importantes do PP, partido do vice-governador Lucas Ribeiro, já declararam apoio a Nabor, mas também a Veneziano Vital do Rêgo, opositor e adversário de João. Não é novidade, também, que Nabor abriu diálogo para conquistar o voto dos oposicionistas a João em Campina Grande.
Intencionalmente ou não, João deu hoje uma oportunidade ao PP e ao Republicanos de mostrarem que também são de grupo, que vestem a mesma camisa, e que, assim como Ronaldo em 1994 e João hoje, o voto em Lucas e Nabor só serve se também for dado a João.
O “x” da questão é acreditar se isso será possível. A prova final será em abril de 2026.