O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que chegou a hora de mudar o nível da medicação judicial aplicada a Jair Bolsonaro.
Após descumprimentos, ironias e postagens via terceiros, o ex-presidente, agora, terá que encarar prisão domiciliar, uso de tornozeleira eletrônica, proibição de visitas, celulares recolhidos e silêncio digital absoluto.
É como um desmame cuidadosamente administrado, como um psiquiatra que vai aumentando a dose até o paciente finalmente aceitar o tratamento. Só que, no caso, o paciente insiste em desafiar o protocolo.
Bolsonaro já estava proibido de usar redes sociais, manter contato com outros investigados e sair de casa nos fins de semana. Mas a estratégia da defesa bolsonarista de “postar sem postar”, utilizando perfis de aliados e até dos filhos, detonou a paciência de Moraes.
Dessa forma, Moraes segue o roteiro milimetricamente construído para evitar choques traumáticos quando, e se, Bolsonaro for condenado em setembro pelo caso da tentativa de golpe de Estado após a derrota para Lula em 2022.
Ao impor as restrições em etapas, Moraes prepara o terreno para o inevitável: o ex-presidente poderá ser condenado sem que seus seguidores digam que foi pego de surpresa. Não será um golpe de martelo, mas um acúmulo de tijolos jurídicos.