A gestão que cala

Sede da OAB-PB

Por muito tempo, imaginamos que o desrespeito à advocacia viria com algemas nas portas dos fóruns, com processos arbitrários e prisões ilegais. E sim — ele já veio assim. Mas hoje, a violação das prerrogativas veste terno, ocupa cargos, sorri em solenidades e se esconde atrás de discursos de valorização institucional.

A tirania, agora, não persegue apenas com truculência — mas com omissão.
Não censura com violência — mas com silêncio.
Não destrói com força — mas com abandono.

Na Paraíba, essa nova face do desrespeito tem endereço certo: A OAB-PB.

Não se trata de crítica vazia ou discurso oposicionista. Trata-se de um retrato fiel de um semestre regado à propaganda, à maquiagem institucional e ao completo descompromisso com a advocacia de base.

A Comissão de Prerrogativas, que deveria ser o escudo da classe, tornou-se um enfeite protocolar.
Enquanto advogados foram humilhados, impedidos de exercer suas funções, violados em sua dignidade profissional, a OAB-PB se calava. Ou pior: fingia não ver.
A fragilidade se tornou regra. A omissão, política oficial.

Obras foram “inauguradas” com pompa — mas jamais concluídas.
Salas da advocacia viraram peça de marketing, muitas delas já prontas e simplesmente reinauguradas para alimentar um feed, uma manchete, uma vaidade.
E algumas, ao primeiro sinal de chuva, desmoronaram como o papelão com que foram construídas — símbolo físico da inconsistência de uma gestão.

Tentativas de aproximação com órgãos públicos foram feitas — mas nenhuma com propósito real de fortalecimento da classe. Parcerias vazias, eventos de fachada, fotos e discursos.
Nada que represente avanço concreto. Nenhuma conquista efetiva.
A advocacia paraibana continua sozinha, perdida entre parcelas da anuidade e o descaso institucional.

Temos hoje uma OAB de holofotes.
De stories, releases e reels.
Uma entidade que se dedica mais à própria validação do que à proteção da classe que jurou representar.

Enquanto isso, a base padece.
O jovem advogado se endivida.
A mulher advogada é silenciada.
A advocacia do interior é esquecida.
E o respeito, que deveria ser inegociável, é deixado à margem.

Tudo isso sob a liderança de quem já renunciou uma vez — e talvez devesse considerar que pode fazê-lo novamente.

Porque uma gestão que precisa se autoafirmar diariamente através do marketing, é uma gestão que perdeu o rumo.
Porque uma Ordem que se cala diante da injustiça, se torna cúmplice.
E porque a história cobrará, cedo ou tarde, cada omissão travestida de institucionalidade.

Não há tortura física — mas há abandono moral.
Não há perseguição declarada — mas há silêncio ensurdecedor.
Não há intervenção militar — mas há indiferença institucionalizada.

O resultado é o mesmo:
Uma advocacia frágil, desacreditada, exaurida e desrespeitada.

O que nos resta é a memória.
E a esperança de que ainda haja quem levante a voz.
Porque não é preciso calar a força para destruir uma classe — basta abandoná-la.

E nisso, essa gestão está se especializando.

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