Uma economista de 40 anos, natural de Campina Grande, vive um drama silencioso e angustiante em Herzliya, cidade a apenas 10 minutos de Tel Aviv, epicentro do conflito entre Israel e Irã. Ao lado das três filhas pequenas — de 3, 5 e 7 anos —, ela aguarda ser repatriada para o Brasil, como relatou com exclusividade ao @blogmauriliojunior o pai da brasileira, Gabriel Calzavara.
Desde o início dos bombardeios, a família permanece isolada dentro de um apartamento, usando constantemente o quarto de segurança, o chamado bunker. Gabriel revela que ele e a filha tenta manter um clima de tranquilidade para as netas, inventando histórias e distrações.
“Agora mesmo acionaram a sirene e foram todos de volta pro bunker. A gente tenta criar um ambiente pras meninas, amenizar um pouco… são três meninas: uma de 3, outra de 5 e outra de 7 anos. Ficam contando histórias, tentando distrair. É uma situação muito tensa, muito preocupante, insegurança total, principalmente porque ninguém sabe pra onde isso vai”, relatou.
Segundo ele, a família já havia decidido retornar ao Brasil em definitivo. “A passagem para o dia 26 já estava comprada. Elas estavam vindo para cá, mudança completa. Mas a guerra surpreendeu todo mundo”, conta. Com isso, ficaram sem alimentos no início dos ataques, pois estavam esvaziando a casa. “Não tinha quase nada pra comer. Conseguiram depois sair com autorização e foram ao mercado, mas o medo permanece.”
Enquanto prefeitos brasileiros conseguiram retornar com ajuda de autoridades e até avião privado, casos como o da economista expõem uma realidade diferente. “A gente só conta com o governo. É desesperador. Não tem o que fazer, a não ser acompanhar e esperar. Me sinto impotente.”
Gabriel agradeceu o suporte do governo da Paraíba e do Itamaraty, mas reforça a gravidade da situação.
“Sobre o governo, o que tenho tido é contato direto com Adauto [Fernandes, secretário-executivo de Representação Institucional da Paraíba]. Ele fala com a gente todos os dias, atualiza, acalma, mostra a real. O governo do Estado tem sido fantástico. Mas quem cuida mesmo é o Itamaraty, então tem que passar por lá. Sabemos que não é fácil, mas os Estados Unidos estão evacuando, os franceses, os chineses… é desesperador. E a gente aqui, impotente. Esperava que elas tivessem saído naquela primeira leva, mas tem muita gente pra sair”, disse.
“Ela fala comigo todo dia. Tenta se manter serena pelas meninas. Mas sei que está difícil. Espero que o Brasil consiga tirar elas de lá o quanto antes. Só quero elas em casa”, completou.