A imagem do Jair Bolsonaro desafiador, que inflamava seus apoiadores nas redes sociais com discursos de força, ruptura institucional e confronto com o Supremo, ficou fora do frente a frente com Xandão.
No depoimento prestado nesta terça-feira (10), o ex-presidente apareceu nervoso, recuado, pediu desculpas a Alexandre de Moraes e, em tom quase cômico, chegou a convidar o ministro para ser seu vice em 2026.
A piada – “Gostaria de lhe convidar pra ser meu vice” – pode ter arrancado risos, mas também deixou claro o quanto Bolsonaro tenta, agora, se desvincular da narrativa golpista que marcou seu entorno nos últimos anos.
O mesmo homem que ignorou alertas institucionais, participou de reuniões com militares para “explorar dispositivos constitucionais” contra o resultado das urnas, agora chama os apoiadores radicais de “malucos”. Foi o que disse ao se referir a quem defende novo AI-5 e intervenção militar.
A súbita mudança de tom revela uma tentativa estratégica de autopreservação. Diante de um processo que pode tornar-se mais grave, Bolsonaro assume um papel de moderado, nega ações concretas, atribui tudo a “conversas informais” e tenta se afastar dos extremistas que antes o aplaudiam.
O que se viu no STF foi um réu contido, testando os limites entre a piada, o pedido de desculpas e a conveniência judicial.