O presidente da Câmara dos Deputados, paraibano Hugo Motta (Republicanos), recuou e decidiu que o Plenário será responsável por julgar a perda do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP), condenada e atualmente foragida. A decisão veio após duras críticas do deputado André Fernandes (PL-CE), que acusou o paraibano de traição e o chamou de “frouxo” por supostamente se curvar ao Supremo Tribunal Federal (STF).
André Fernandes (PL-CE), em discurso inflamado, acusou Motta de romper acordos feitos com a bancada bolsonarista. Segundo Fernandes, havia o compromisso de pautar temas como a anistia a investigados por atos antidemocráticos, barrar o aumento do IOF e defender a autonomia da Câmara frente às decisões do Supremo Tribunal Federal. Nenhuma dessas pautas, disse ele, avançou nos primeiros cinco meses de gestão de Motta.
A gota d’água para os parlamentares bolsonaristas foi a declaração do presidente da Câmara, dada nessa segunda-feira (9), de que a decisão do STF sobre a perda de mandato de Carla Zambelli não precisaria passar pelo plenário, por já ter transitado em julgado. “Essa Casa não pode ser submissa ao Judiciário”, disse Fernandes, em tom indignado. “Ceará é terra de cabra macho, não de cabra frouxo com medo de ministro do Supremo.”
Diante da pressão, Hugo Motta recuou: “O Plenário é que tem a legitimidade desta Casa e ele decide para onde a Casa vai. Ele é soberano e está acima de cada um de nós”, afirmou. Com isso, a cassação de Zambelli será analisada pelos deputados em votação, como exigia o grupo oposicionista.