análise

A camisa vermelha da Seleção e o surto dos “tiozões do Zap”

mauriliojunior.com

Maurílio Júnior

A simples notícia de que a segunda camisa da Seleção Brasileira na Copa de 2026 será vermelha foi o suficiente para acionar o modo “pânico” em parte da base bolsonarista. Os chamados “tiozões de Zap” acordaram revoltados. Nas redes, pipocam teorias conspiratórias de que a mudança seria um plano do comunismo internacional, da China, de Lula e até do Foro de São Paulo. O exagero é tanto que há quem ameace torcer… para a Argentina!

A histeria coletiva contrasta com o silêncio absoluto quando, meses atrás, a Seleção atuou com uniforme preto — bem mais distante das cores tradicionais. Naquele momento, nenhum “patriota de camisa amarela” ousou levantar a voz. O problema, agora, parece ser a cor vermelha — associada automaticamente ao PT, ao socialismo, ao “inimigo imaginário”.

Na Paraíba, o debate chegou até à Assembleia Legislativa. Os deputados Walber Virgolino e Sargento Neto (ambos do PL) encontraram tempo para criticar a cor da camisa, ignorando temas urgentes do estado. Para eles, o uniforme da CBF virou prioridade legislativa.

Curiosamente, os mesmos que agora acusam a CBF e a Nike de “politizar” o futebol foram os primeiros a transformar a camisa amarela em símbolo de campanha eleitoral.

O que se revela, no fim das contas, é um pânico ideológico disfarçado de patriotismo. A cor da camisa virou desculpa para mais um capítulo da guerra cultural à brasileira — onde até o uniforme de um time de futebol vira trincheira eleitoral.