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Divisão do Almeidão revela o que muitos ainda negam: o Botafogo-PB tem dono — e não é a torcida

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Maurílio Júnior

Durante esta semana, fui alvo de críticas e ataques de parte da torcida do Botafogo-PB. Fui acusado de ser contra a SAF, de perseguir seus dirigentes, de “bater” no clube em tudo o que faço ou digo. Pois bem, hoje estou aqui para defender a SAF, como já fiz em outras vezes. Mas é preciso fazer isso com a honestidade que sempre me guiou: defender não é bajular. É expor os fatos com clareza — inclusive os incômodos.

A decisão da SAF do Botafogo-PB de destinar o setor da arquibancada geral (sol) exclusivamente para a torcida do Flamengo, no jogo do dia 30 pela terceira fase da Copa do Brasil, foi recebida com indignação por torcedores e torcidas organizadas. Torcida Jovem, Fúria e Setor 31 repudiaram a medida em notas públicas, chamando a divisão de “absurda” e “desrespeitosa”.

A revolta tem razão de existir. A arquibancada geral não é apenas um setor qualquer. É a casa do povão do Belo há décadas, e, não por acaso, é também o setor que aparece nas transmissões televisivas. Ou seja, no jogo mais visado da história recente do clube, a imagem exibida ao Brasil será a da torcida do Flamengo em destaque. E o torcedor botafoguense? Fica escondido, do lado oposto, fora do enquadramento principal.

Agora, vejamos com frieza: esta é uma decisão empresarial. A SAF tem dono. O Botafogo-PB, hoje, pertence a investidores que pensam em lucro. E essa escolha de dividir o estádio — mesmo que constrangedora para a torcida — atende a uma lógica financeira: garantir arrecadação máxima, aproveitando o apelo da torcida adversária. A suposta proposta de R$ 4 a 6 milhões, que a SAF afirmou ter recebido nas últimas semanas, nunca foi confirmada, e sinceramente, parece pouco crível para o atual cenário de mercado. A prática mostra o contrário: não há proposta milionária. Há busca por receita imediata.

E é por isso que, apesar da crítica, faço aqui a defesa da SAF — pelo realismo. O torcedor precisa compreender que, goste ou não, o Botafogo-PB tem dono. E esse dono toma decisões com base em retorno, não em paixão. Você pode protestar, pode não gostar, pode até deixar de ir ao estádio. Mas não pode ignorar o fato: o clube pertence a um grupo que investe e, portanto, manda.