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Justiça vai decidir sobre mudança de nomes ligados à ditadura militar em João Pessoa

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Maurílio Júnior

A 5ª Vara da Fazenda Pública da Capital vai julgar uma ação civil pública movida pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) e pela Defensoria Pública do Estado (DPE-PB) que pede a mudança de nomes de bairros, ruas, avenidas e espaços públicos de João Pessoa que ainda homenageiam figuras ligadas à ditadura militar. A ação foi protocolada com base em recomendações ignoradas pela Prefeitura e pela Câmara Municipal.

Na ação, os órgãos pedem que, em até 90 dias, os poderes Executivo e Legislativo da capital adotem medidas — por lei ou decreto, conforme previsto na legislação — para garantir a alteração dos nomes de logradouros públicos, com base na Lei Municipal nº 12.302/2012, que proíbe esse tipo de homenagem. O não cumprimento pode gerar multa pessoal diária de R$ 3 mil ao prefeito e ao presidente da Câmara.

Entre os locais mencionados na ação estão:

  • Bairro Castelo Branco

  • Bairro Costa e Silva

  • Bairro Ernesto Geisel

  • Avenida General Aurélio de Lyra Tavares

  • Avenida Presidente Castelo Branco

  • Praça Marechal Castelo Branco

  • Rua Presidente Médici

  • Rua Presidente Ranieri Mazzilli

  • Travessa Presidente Castelo Branco

  • Loteamento Presidente Médici

  • Escola Municipal Joacil de Brito Pereira

De acordo com os autores da ação, a manutenção dessas homenagens representa uma afronta à memória democrática, à dignidade humana e às vítimas da repressão.

O processo judicial é resultado do Inquérito Civil nº 002.2025.004218, instaurado ainda em janeiro pela Promotoria de Justiça de João Pessoa. Na época, ofícios foram enviados à Prefeitura e à Câmara solicitando providências, mas, segundo os promotores e defensoras responsáveis, não houve resposta da Câmara, e a Prefeitura afirmou não ter competência para alterar os nomes por decreto, alegando que isso é atribuição exclusiva do Legislativo.

Diante da falta de avanços, o MPPB e a DPE entraram com a ação judicial, reforçando que o tema já foi alvo de recomendações da Comissão Nacional da Verdade, além das comissões estadual e municipal.

Na petição, os autores argumentam que a mudança de nomes não acarreta custos à população, citando como exemplo a divisão do Bairro do Bessa, nos anos 1990, que originou os bairros do Aeroclube e Jardim Oceania sem impactar moradores.