O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), recebeu críticas de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após manifestar apoio público ao sistema de urnas eletrônicas utilizado no Brasil. A fala foi feita na última sexta-feira (21), durante evento em que Tarcísio destacou o processo eleitoral brasileiro como referência internacional.
“O Brasil vem se tornando referência em termos de velocidade, de apuração, de tecnologia. Ou seja, muitos países têm que olhar para o Brasil e ver o que está sendo feito aqui”, afirmou o governador.
A declaração foi vista como contraponto direto ao discurso adotado por Bolsonaro e seus apoiadores, que frequentemente questionam a confiabilidade das urnas eletrônicas. A fala gerou desconforto entre nomes próximos ao ex-presidente, especialmente por ocorrer em meio ao julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a denúncia de um plano de golpe de Estado.
A irritação no entorno de Bolsonaro teria se intensificado pelo contraste com a postura recente de Tarcísio. Durante o ato bolsonarista de 16 de março, o governador fez um discurso mais alinhado à base bolsonarista, defendendo a anistia dos envolvidos nos atos do 8 de janeiro.
Nos bastidores, lideranças do PL avaliam que Tarcísio tem alternado discursos voltados ora à direita mais radical, ora ao centro político, o que geraria dúvidas sobre seu posicionamento em temas considerados sensíveis pelo núcleo bolsonarista.
Embora Tarcísio negue ser pré-candidato à presidência em 2026, integrantes da cúpula do PL afirmam que há articulações em curso para convencê-lo a disputar o Palácio do Planalto. Segundo relatos, o plano envolveria reduzir a pressão judicial sobre Bolsonaro e apresentar Tarcísio como alternativa viável da direita à sucessão presidencial, já que o ex-presidente está inelegível até 2030.
A inelegibilidade de Bolsonaro decorre de decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após acusações de divulgação de informações falsas sobre o sistema eleitoral durante reunião com embaixadores em 2022.