A Fundação Pedro Américo, responsável pelo Hospital Help, contestou na noite desta quarta-feira as declarações da Prefeitura de Campina Grande e do secretário de Saúde, Dunga Júnior, sobre a suposta inexistência de uma dívida de R$ 33 milhões da gestão municipal com a unidade de saúde. Segundo a fundação, documentos oficiais demonstram que a própria Prefeitura reconheceu a pendência financeira em ofícios enviados ao Ministério Público e à Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados.
A entidade filantrópica, que atende pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), afirma que a prefeitura recebeu os recursos destinados ao hospital, mas não repassou integralmente os valores, gerando um impasse financeiro que compromete o atendimento à população.
Documentos comprovam reconhecimento da dívida
A Fundação Pedro Américo apresentou registros que mostram que o Fundo Municipal de Saúde de Campina Grande recebeu valores carimbados para o Hospital Help, mas reteve parte dos recursos. A fundação cita a existência de uma notícia de fato instaurada no Ministério Público, onde a própria assessoria jurídica da Secretaria de Saúde admitiu a dívida de R$ 33,1 milhões, justificando o não pagamento sob alegação de pendências burocráticas.
Mesmo após a negativa do secretário de Saúde, o hospital demonstrou que já houve pagamentos parciais após a repercussão do caso. Nos últimos dias, a prefeitura quitou R$ 1 milhão e, após declarações de Dalton Gadelha à imprensa, fez um novo repasse de R$ 1,3 milhão, restando ainda um valor expressivo a ser pago.
“Preferimos crer que a manifestação contraditória do secretário reflete muito mais uma falta de conhecimento, de comunicação com seus próprios servidores e uma total desorganização da pasta que comanda do que propriamente a má fé que, de forma aparente, também não se descarta. É que como o gestor do Fundo Municipal de Saúde de Campina Grande afirma dever R$ 700.000,00 sem apresentar qualquer comprovação idônea e, após grande repercussão na mídia da entrevista concedida à rádio Correio FM pelo presidente do HELP, de forma apressada, paga R$ 1.373.228,48??!”, diz a fundação em nota.
Impacto na saúde pública e risco de paralisação
O Hospital Help destaca que a falta de repasses coloca em risco a continuidade dos serviços prestados à população, especialmente os pacientes do SUS, que representam 90% dos atendimentos da unidade. Além disso, a situação afeta diretamente o pagamento de 900 funcionários, incluindo 240 médicos, que seguem trabalhando mesmo diante da incerteza financeira.
A fundação também reforça que, ao longo de mais de 20 anos de atuação, nunca teve contas reprovadas pelo Ministério Público, sempre prezando pela transparência na aplicação dos recursos públicos. Diante da falta de repasses, o hospital pede que o Ministério Público e os órgãos competentes investiguem o destino dos valores recebidos pela prefeitura, a fim de garantir que os recursos destinados à saúde sejam utilizados corretamente.
Caso a situação não seja resolvida, a Fundação Pedro Américo alerta para a possibilidade de que os serviços já abertos tenham sua oferta reduzida ou até paralisada, prejudicando milhares de pacientes que dependem do atendimento do hospital.