A Polícia Civil da Paraíba está investigando um caso de possível negligência médica no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea), em Campina Grande, que resultou na morte do bebê Davi Elô e em graves complicações para sua mãe, Danielle. A família acusa o médico Dr. Mário de Oliveira Filho (CRM-PB 2463) e a equipe da maternidade de condutas irresponsáveis durante o parto, que teriam levado à tragédia. A história foi compartilhada nesta terça-feira (11) pela família através das redes sociais.
Danielle realizou todo o pré-natal com Dr. Mário em uma clínica particular e, devido a um histórico de tromboembolismo, precisou utilizar anticoagulantes durante a gestação. Por conta disso, o médico recomendou que o parto ocorresse no Isea, afirmando que seria a opção mais segura. No dia 27 de fevereiro, com 39 semanas de gestação, Danielle foi internada na maternidade com 3 cm de dilatação e foi orientada a permanecer no local para que, na manhã seguinte, um ultrassom determinasse qual seria o melhor tipo de parto. O exame foi realizado por volta das 11h do dia 28 de fevereiro e indicou que o parto vaginal era viável. Às 14h, a equipe médica iniciou a indução com comprimidos intravaginais e, ao longo das horas seguintes, a dilatação chegou a 6 cm.
Na madrugada do dia 1º de março, por volta das 3h, o Dr. Mário substituiu os comprimidos por uma infusão intravenosa para intensificar as contrações. Por volta das 6h, duas profissionais da equipe médica, ao avaliarem a evolução do parto, teriam feito comentários minimizando a dor de Danielle e, sem consultar o médico responsável, uma delas aumentou a dosagem da medicação. A paciente começou a vomitar e apresentar tremores de frio, mas, ao buscar ajuda, recebeu a resposta de que aquilo seria “normal”.
Pouco tempo depois, Danielle pediu para não ficar sozinha, mas as profissionais a deixaram sem acompanhamento, justificando que havia outras gestantes para atender. Dr. Mário, que era o médico de confiança da família, já havia deixado o plantão sem sequer vê-la. Após a superdosagem da medicação, a cabeça do bebê, que já estava coroada, voltou para dentro do útero. As profissionais culparam Danielle, dizendo que ela “não colaborou” com o parto. Nos minutos seguintes, a equipe médica a obrigou a fazer força sem monitorar seu pulso ou os sinais vitais do bebê. Danielle então desmaiou e foi levada às pressas para uma cesariana de emergência, mas Davi Elô nasceu sem vida.
A família denuncia que a superdosagem da medicação causou o rompimento do útero, levando à necessidade de retirada total do órgão, o que impede Danielle de engravidar novamente. Agora, os pais de Davi Elô buscam justiça e denunciam omissão e descaso por parte da equipe médica. Eles afirmam que a Secretaria de Saúde já tem conhecimento do caso, mas nenhuma providência havia sido tomada até o momento.
Em nota, a Secretaria de Saúde informou que vai abrir uma sindicância para apurar o caso e oferecerá atendimento psicológico e assistencial aos familiares.
Além do luto, os pais enfrentam custos elevados com tratamentos pós-cirúrgicos e apoio psicológico. Eles pedem apoio jurídico para responsabilizar Dr. Mário e a equipe do Isea e fazem um apelo por visibilidade do caso na mídia, para que novas tragédias sejam evitadas.
A campanha nas redes sociais já mobiliza diversas pessoas, e a família pede que a história seja compartilhada com a hashtag #JustiçaPorDaviElo. “Não descansaremos até que os responsáveis sejam punidos. Davi Elô e nossa família merecem justiça”, diz o pai.