Durante o Mês da Mulher, período que deveria exaltar a pluralidade e a força feminina, a subseção da OAB de Campina Grande se viu no centro de uma polêmica. A entidade organizou um evento sobre a pauta trans, mas deixou de fora a Dra. Isis Vasconcelos, primeira advogada trans da Paraíba. Em seu lugar, convidou uma profissional de outra área para representar a causa, decisão que gerou revolta entre advogados e ativistas LGBTQIA+.
A escolha da subseção recaiu sobre uma médica veterinária trans, sem vínculo com a advocacia. Para muitos, a decisão representa mais um reflexo da exclusão estrutural dentro do meio jurídico, onde minorias historicamente enfrentam barreiras para ocupar espaços.
“Ser ignorada pela própria OAB é um golpe cruel”, diz advogada trans
Dra. Isis não esconde a frustração com a atitude da instituição. “Se sou a única advogada trans entre milhares de profissionais da Paraíba, esse não é um problema individual, mas sim estrutural. O que impede a inclusão de mais pessoas trans nesses espaços?”, questiona.
Ela destaca sua trajetória de luta e ressalta que debates sobre diversidade no meio jurídico devem incluir vozes que realmente representam a causa. “Foram anos de desafios para ocupar esse espaço, e agora vejo a pauta sendo discutida sem a presença de quem vive essa realidade na advocacia.”
A necessidade de uma OAB mais inclusiva
A polêmica evidencia a necessidade de mudanças estruturais na OAB para garantir uma representatividade real e não apenas discursos vazios. Isis reconhece a importância de convidar profissionais trans para eventos, mas reforça que o respeito às identidades e trajetórias deve ser prioridade.
“A representatividade verdadeira exige que nossas histórias sejam respeitadas e que nossa presença seja reconhecida onde ela realmente importa”, conclui.