A liberação das faixas preferenciais para outros veículos em João Pessoa tem prejudicado a eficiência do transporte coletivo. Segundo um estudo do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de João Pessoa (Sintur-JP), na Avenida Dom Pedro II, o tempo de percurso dos ônibus em um trecho de 2,6 km aumentou de 8 para 10 minutos. Além disso, a velocidade média caiu 20%, reduzindo de 19,5 km/h para 15,6 km/h.
As faixas preferenciais foram implantadas para garantir maior agilidade ao transporte público e reduzir congestionamentos. Atualmente, João Pessoa conta com 20 km dessas vias, distribuídas em pontos estratégicos, como as avenidas Epitácio Pessoa, Dom Pedro II, Josefa Taveira, Vasco da Gama e Lagoa. Essas rotas são essenciais para ônibus que transportam cerca de 180 mil passageiros por dia.
Impacto da flexibilização das faixas
Embora as faixas sejam destinadas prioritariamente para ônibus, em João Pessoa alguns veículos essenciais já têm permissão para utilizá-las, como ambulâncias, viaturas policiais, transporte escolar, táxis com passageiros e operações de trânsito em situações emergenciais.
No entanto, segundo o Sintur-JP, a ampliação do uso dessas faixas pode comprometer a eficiência do sistema, causando atrasos e aumentando os riscos de acidentes, principalmente envolvendo motocicletas.
“Minutos extras dentro do ônibus impactam diretamente a rotina de trabalhadores que dependem da pontualidade. Mais tempo no trânsito significa menos tempo com a família e menor qualidade de vida”, destacou Isaac Moreira, diretor institucional do Sintur-JP.
A importância das faixas exclusivas
De acordo com a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), priorizar ônibus no trânsito é essencial para reduzir congestionamentos e garantir um transporte público mais eficiente e confiável.
Dados da NTU sobre a ocupação das vias:
- Ônibus transportam 74% dos passageiros, ocupando apenas 8% do espaço viário.
- Carros particulares fazem 26% dos deslocamentos, mas ocupam 80% das vias.
A entidade reforça que o investimento em faixas exclusivas melhora a velocidade dos ônibus e torna o transporte coletivo mais atrativo, incentivando a migração de usuários do transporte individual para o transporte público.
“Cada ônibus cheio pode substituir dezenas de veículos individuais, reduzindo congestionamentos e a poluição ambiental”, ressalta o Sintur-JP.
Para especialistas, o uso das faixas deve continuar restrito ao transporte público e serviços essenciais, evitando impactos negativos na fluidez do trânsito. A fiscalização também precisa ser intensificada para garantir que os corredores exclusivos sejam utilizados corretamente, mantendo a agilidade dos ônibus e a segurança viária.