A liberação do tráfego de carros de passeio e motos na faixa exclusiva para ônibus em João Pessoa, anunciada pelo superintendente da Semob, Marcílio do HBE, é um equívoco que compromete ainda mais a mobilidade urbana da capital paraibana em um momento já de muitas dificuldades de locomoção.
A medida, justificada como um teste para minimizar os impactos da paralisação dos motoristas de ônibus na semana passada, representa um retrocesso.
Em vez de fortalecer o transporte público, desestimula seu uso, tornando as viagens ainda mais demoradas para quem depende dele diariamente.
O princípio básico das faixas exclusivas é justamente garantir fluidez ao transporte coletivo, que leva muito mais passageiros do que um carro particular. Ao permitir que outros veículos ocupem esse espaço, a prefeitura está prejudicando quem mais precisa.
A decisão vai na contramão das cidades que buscam soluções eficientes para o trânsito. Em vez de melhorar o sistema de transporte público, investindo em qualidade e pontualidade, a opção foi ceder à lógica do improviso, abrindo mão de um princípio essencial da mobilidade urbana.
A nomeação de gestores baseada apenas em critérios políticos, sem a devida qualificação técnica, é um dano a qualquer gestão pública. A de Marcílio se encaixa nesse critério.
A condução de um setor estratégico como a mobilidade urbana exige conhecimento e planejamento, não apenas decisões paliativas que agravam ainda mais os problemas existentes.
Se o objetivo é melhorar a circulação da cidade, o caminho não passa por desestruturar o que já é precário. É preciso pensar em soluções que realmente priorizem o transporte coletivo, e não abrir mão de políticas públicas essenciais por conveniência.