A operação do Ibama no Salão de Artesanato de João Pessoa nesta quinta-feira (23) expõe um paradoxo que merece reflexão. Por um lado, a fiscalização ambiental identificou uma prática ilegal envolvendo peças de artesanato indígena com penas de aves em risco de extinção, o que está correto do ponto de vista da proteção à fauna. Por outro, o contexto em que essa operação ocorre levanta questionamentos.
O Salão de Artesanato é realizado no estacionamento do Hotel Tambaú, uma estrutura que há décadas simboliza um crime ambiental maior: construído em área de proteção ambiental, privatizou parte da praia de Tambaú. Atualmente abandonado, o hotel é um foco de problemas sanitários, acumulando lixo e contribuindo para a proliferação de doenças como a dengue.
A contradição reside no fato de que a fiscalização ambiental é rigorosa com os artesãos indígenas – que alegam que as penas não foram arrancada das aves, mas fruto da troca de plumagem -, mas parece negligenciar a degradação ambiental e os riscos à saúde pública associados ao Hotel Tambaú.