Tem repercutido muito nos últimos dias o caso da pequena Bruna Brito de 4 anos que faleceu quatro dias após ser atendida em um hospital particular em Recife.
Bruna foi inicialmente diagnosticada com amigdalite e tratada com benzetacil, mas teve uma piora no quadro e acabou não resistindo.
A família da menina alega que, durante o atendimento, houve negligência por parte dos profissionais . Ainda segundo os pais, a médica que fez o atendimento prescreveu uma aplicação de benzetacil mesmo com a oposição da família que havia relato que a criança havia feito uso recente de antibiótico e que por isso podia ter adquirido resistência, no entanto, mesmo assim a médica manteve a prescrição e Bruna não apresentou melhora.
No dia 12 de dezembro, Bruna foi submetida a uma tomografia de garganta, mas o exame não foi realizado devido a complicações respiratórias. Bruna foi entubada e encaminhada para a UTI, onde, segundo os pais, ocorreu um incidente durante a transferência.
Segundo os pais de Bruna :“Na hora da transferência de uma maca para a maca da UTI, a gente escuta um barulho e o grito de uma das enfermeiras dizendo: ‘Doutora, o que é isso, doutora?’ E um estouro muito grande do cilindro de oxigênio. Nesse momento, a doutora se desespera e grita: ‘Fecha a porta, fecha a porta!’
Segundo o relato da mãe de Bruna, uma enfermeira saiu da sala com a roupa manchada de sangue, procurando outra médica. Gabriella disse que perguntou a uma enfermeira se a filha tinha sido derrubada e recebeu como resposta que “Bruna se extubou sozinha” ou seja, teria retirado sozinha o tubo colocado pela equipe médica.
A causa da morte informada à família, segundo laudo do IML, foi hemorragia pulmonar causada pela infecção respiratória. De acordo com a mãe, o hospital negou que a criança tenha sido derrubada da maca.
2. Vamos aos fatos
Como até então a única versão que veio a publico foram as dos pais de Bruna, vamos fazer um estudo superficial do caso apenas com o que foi relatado por eles, mas com a ressalva de que para se chegar na conclusão final se teve erro ou não, tem que ser observado os exames, os o prontuário, as anotações da enfermagem , frisando que na ausência de cada um desses documentos, o ônus de provar a sua inocência é do medico.
Então de acordo com o depoimento dos pais de Bruna, o que poderia caracterizar uma eventual falha na conduta?
3. Manutenção de antibiótico e piora no quadro
Uma das falhas apontadas pela mãe de bruna sobre as condutas das medicas que fizeram o atendimento inicial, é de que a primeira medica passou uma benzetacil.
Acontece que, segundo a literatura, a conduta dessa primeira medica nao esta errada, o que seria questionável seria quando do retorno de Bruna após 72 hrs desse atendimento inicial, é que a medica que a atendeu não teria mudado a conduta frente à não melhora e piora do quadro.
4. Entubação, Extubação e Entubação novamente
Um outro ponto que chama atenção, segundo o relato dos pais, é a de que em um determinado momento quando Bruna estava entubada, a medica que iria realizar o seu transporte decidiu por extubar bruna para futuramente entuba-la novamente, que o que aconteceu assim que chegaram na ala de destino.
Porem, entretanto, todavia, por mais que essa conduta apareça, de forma superficial, estranha, é preciso entender a razão pela qual a medica que a fez optou por tomar essa conduta.
A medicina nao é uma ciência exata, então por isso, como ja dito, para se chegar à conclusão se teve falha ou nao e onde teve, é preciso checar o prontuário. Afinal, as vezes algo que parece equivocado, quando apresentada a fundamentação isso pode clarear as coisas, seja para o bem ou para mal.
5. Possível queda de Bruna e Negativa do Hospital: como saber quem esta com a verdade?
Um outro ponto que chama muito atenção e que, caso seja comprovada a sua veracidade demonstrará ser uma falta muito grave, é a sobre a possível queda de Bruna.
A família, embora não tenha visto mas apenas ouvido, defende que a criança caiu durante o procedimento para o transporte, todavia o Hospital nega essa informação.
Então como elucidar essa situação frente a 2 narrativas totalmente contrarias? Analisando os documentos, eles não mentem. Por mais que se tente esconder ou levantar uma narrativa sem nexo, quando cruzados o prontuário, exames e anotações, chega-se à verdade.
Mas algumas perguntas que ficam no ar e que vão ser respondidas durante as investigações:
1. Se não houve queda, como ocorreu a extubação se Bruna estava sedada?
2. Se Bruna se extubou sozinha, conforme relatado pela mãe, o que ou quem deu causa a essa extubação acidentada?
Paulo Maia Jr.
Advogado • Graduado pela UFPB • Especialista em Direito Médico e da Saúde