Na última quinta-feira (9/1), os profissionais de oncologia, radioterapia e hematologia do Hospital da FAP, referência no tratamento de câncer em Campina Grande, anunciaram a paralisação de suas atividades a partir do dia 16 de janeiro. A decisão foi oficializada à direção da unidade em um ofício que denuncia atrasos nos pagamentos como principal motivo.
A situação alarmante também gerou comoção entre os pacientes da unidade. Uma das vozes mais impactantes é a de Raquel Brito, paciente oncológica que depende do tratamento na FAP. Em um desabafo emocionado, ela destacou as dificuldades enfrentadas tanto pelos pacientes quanto pelos profissionais de saúde.
“Minha gente, eu já estava enfrentando uma grande instabilidade porque minha médica havia me comunicado que não poderia dar continuidade ao meu tratamento, pois estava se desligando da instituição. Até aí, tudo bem, né? Mas, agora, me deparo com uma notícia dessas: os outros profissionais vão entrar em greve por tempo indeterminado porque não estão recebendo salários desde outubro. Vocês têm noção do que é atender à demanda da FAP, chegar ao final do mês com seus compromissos e não receber salário?”, questionou Raquel.
Assista:
Os profissionais de saúde da FAP denunciam o não repasse de recursos pela Secretaria de Saúde de Campina Grande, sob a gestão do prefeito Bruno Cunha Lima (União Brasil). Segundo o ofício enviado à direção do hospital, os atrasos incluem honorários de atendimentos do SUS referentes aos meses de outubro e novembro de 2024 e produtividade de convênios que não é quitada desde junho. Além disso, os médicos criticam a ausência de planejamento para pagamentos futuros, descumprindo acordos previamente firmados.
Raquel Brito também expressou sua preocupação com a continuidade de seu tratamento e o impacto para outros pacientes. “Na terça-feira, eu conheceria o novo profissional que daria continuidade ao meu tratamento, porque, como já mostrei, o nódulo na minha axila está enorme e preciso retomar o tratamento o quanto antes. Mas, depois disso, como vai ficar a continuidade do meu processo? E isso é só o meu caso. Imaginem outros pacientes em situações muito mais graves do que a minha”, relatou.
Ela também fez um apelo à população e aos apoiadores do prefeito. “Eu peço a você, que é apoiador do prefeito, que o conhece, que tem acesso a ele: por favor, peça para ele fazer algo. Nós, pacientes, não podemos ficar sem tratamento! Vocês veem investimentos sendo feitos em coisas que não são prioridade, enquanto a saúde – especialmente a dos pacientes oncológicos – é tratada com completo descaso. Compartilhem essa mensagem e a reportagem que publiquei. Precisamos chamar atenção para que algo seja feito, não apenas por mim, mas por todos os pacientes”.
A crise no Hospital da FAP coloca em risco o atendimento a centenas de pacientes oncológicos, muitos deles em estado crítico, que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) para os tratamentos. Enquanto isso, os profissionais de saúde seguem sem uma previsão clara de regularização dos pagamentos, agravando ainda mais a situação.