análise

Prendam o flanelinha: a justiça que não alcança os doutores

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João Paulo Casado, Fernando Cunha Lima e o flanelinha: só um foi preso
maurílio júnior

O flanelinha que estuprou uma mulher dentro de um carro no bairro do Miramar, em João Pessoa, foi preso. O caso, registrado por câmeras de segurança, mostra o momento em que ele, armado com uma faca, aborda a vítima e comete o crime dentro do veículo. A prisão em flagrante foi rápida, e ele agora enfrenta a Justiça.

O que deveria ser um alívio por uma resposta célere a gravidade, no entanto, traz à tona um problema estrutural: a seletividade do sistema judicial.

A agilidade em prender e manter o flanelinha encarcerado contrasta fortemente com outros casos recentes na Paraíba, onde indivíduos de classe social mais alta, acusados de crimes igualmente graves ou até mais impactantes, têm recebido um tratamento muito diferente.

Casos de médicos renomados acusados de violência sexual e agressões contra mulheres exemplificam esse desequilíbrio.

Um pediatra acusado de abusar sexualmente de crianças fugiu enquanto a Justiça negava os sucessivos pedidos de sua prisão. Quando ordenou já era tarde. Ele fugiu. A diferença de tratamento não está na gravidade do crime, mas na posição social dos envolvidos.

O flanelinha deve, sim, responder por seu crime, e a prisão é justa. Porém, é impossível ignorar o contraste. A Justiça, que deveria ser imparcial, frequentemente funciona de forma mais severa contra os desfavorecidos, enquanto os “medalhões” encontram brechas e privilégios que retardam ou anulam punições.

Este caso não é apenas sobre um crime horrendo, mas sobre como ele expõe as falhas de um sistema que ainda mede culpados pela cor do colarinho e não pela gravidade de seus atos. É uma ferida aberta na credibilidade das instituições e na luta por uma sociedade mais justa.