O presidente da OAB-PB, Harrison Targino, foi recentemente às redes sociais e portais de notícias para lançar a proposta de uma “OAB sem Assédio”, destacando o “compromisso com o respeito e a valorização da mulher advogada”.
Em outro momento, Harrison afirmou ter uma gestão sem erros, mesmo que a verdade dos fatos passe longe disso. “A OAB tem de “ser exemplo”. Em minha gestão sempre tive uma preocupação de coerência entre a palavra e a prática. Na gestão passada tivemos um evento de assédio e em minha gestão não houve nada”, afirmou Harrison em entrevista ao Ninjacast.
No entanto, o anúncio público rapidamente gerou surpresa e indignação. Advogados e funcionários da Ordem apontam uma possível amnésia do presidente ou uma dissimulação para “inglês ver”, quando, em verdade, ele próprio vem sendo flagrado em episódios gravíssimos de assédio moral. É doloroso para a advocacia que as falas contrariem os fatos, ainda que o atual presidente da Ordem e candidato à reeleição insista em se colocar na posição de imaculado.
No instante que Targino estava verbalizando juras de coerência, vazou a notícia de uma representação formalizada no Ministério Público do Trabalho (MPT) contra ele e sua secretária-geral adjunta, Larissa Bonates. A queixa apresenta diversos relatos de episódios de assédio que teriam sido praticados no ambiente de trabalho, incluindo o uso de câmeras e monitoramento indevido dos funcionários.
O editor recebeu as denúncias encaminhadas ao MPT e, como são muitas, resolveu publicar hoje apenas uma delas, a qual informa que Sabrina Justino, secretária pessoal de Targino, vem sendo vítima de assédio moral constante, segundo relatos de vários funcionários da OAB. A denúncia alude ainda que, em virtude da suspensão das atividades fiscalizatórias do RH pela atual gestão, servidoras relatam ao MPT temor em denunciar o caso internamente, por medo de represálias, mas teriam sido vistas chorando nos corredores da sede da OAB-PB.
O documento ao MPT aponta algo ainda mais grave e surpreendente: câmeras de vigilância, com áudio, estão instaladas em diversas áreas da sede da OAB, para monitoramento de funcionárias e diretoras. E suas imagens estariam sendo transmitidas para dispositivos pessoais de funcionários próximos à presidência, como a senhora Eliane Sanches, providência semelhante a um BBB (Big Brother Brasil). Segundo informações colhidas da representação ao MPT, Mychele Bandeira também teria acesso a essas gravações.
Segunda a denúncia, a iniciativa da instalação foi autorizada por Harrison Targino e Laryssa Bonates, que incumbiram ao zelador da OAB, Kleber Velozo de Souza – parente de Bonates – a “fiscalização” e detalhamento da movimentação interna, horários de chegada e atividades das funcionárias e diretoras, havendo, ainda, suspeitas de escutas ilegais, informando ainda que zelador também tem por hábito copiar chaves das salas reservadas da OAB para tentar “invadir documentos e aparelhos” das colaboradoras e até de diretoras da Ordem que são contrárias às iniciativas abusivas da gestão de Harrison Targino.
Críticas à gestão de Harrison Targina não pouparam nem mesmo o tratamento direcionado às diretoras da entidade Rafaella Brandão e Leilane Soares, que também estariam sendo alvo de assédio por parte do presidente Harrison Targino, inclusive com tentativas de buscas em seus próprios gabinetes.
Com a denúncia em tramitação no Ministério Público, muitos advogados observaram que Targino enfrenta agora o desafio de justificar suas ações e demonstrar a alegada seriedade de seu compromisso com uma “OAB sem Assédio” e se defender da denúncia muito grave de assédios a funcionários e a integrantes-mulheres de sua própria diretoria, pois a realidade contraria suas declarações dadas nas redes sociais que por enquanto se assemelham, bem ao contrário, a um péssimo exemplo e a uma piada de mau gosto.
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