Num instante em que 60% do território brasileiro sente, direta ou indiretamente, os efeitos das queimadas, Lula se deu conta de que, nos grandes desastres, a primeira pessoa que um governante precisa socorrer é a si mesmo. Agora, só falta transformar percepção em ação.
De passagem pelo Amazonas, Lula anunciou na terça-feira que o governo criará uma Autoridade Nacional Climática. Disse que a prioridade será acelerar um plano nacional de enfrentamento aos riscos climáticos extremos. A nova repartição e o plano são duas antigas novidades.
O novo órgão foi prometido na campanha eleitoral e esmiuçado na transição de governo. Dorme numa gaveta. O plano nacional nasceu de levantamento feito em 2012, sob Dilma. Detectaram-se na época 821 municípios assentados em regiões mais suscetíveis a enchentes e deslizamentos.
Decorridos 12 anos, o número de cidades foi atualizado para 1.942. Nelas, vivem em áreas de risco cerca de 9 milhões de pessoas. O plano para mitigar os desastres seria lançado em janeiro de 2024. Sumido, reapareceu em maio passado, num discurso feito por Lula durante visita ao dilúvio do Rio Grande do Sul. O orador aproveitou para torpedear o negacionismo ambiental de “umincivilizado” que passou pela Presidência.