análise

Musk x Moraes: o que vale para todas as plataformas vale também para o X

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Por Camila Bomfim (G1)

A regra do jogo é clara: nenhuma empresa ou plataforma tem o direito de funcionar no Brasil sem representação.

E até quem ensaiou descumprir voltou atrás. O Telegram seguiu o mesmo roteiro, ficou sem representante no país. Diante disso, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu o mesmo prazo de 24 horas para indicação de representação local e o Telegram indicou quatro representantes.

A mesma regra vale para o X e para todas as empresas que querem funcionar com usuários no Brasil.

O Código Civil Brasileiro, que regulamenta o funcionamento de empresas e companhias nacionais ou internacionais, detalha como deve ser o funcionamento no Brasil. E o Marco Civil da Internet deixa claro que as empresas de internet devem seguir todas as regras da legislação brasileira. O texto prevê, inclusive, suspensão das atividades.

A defesa do X já havia sido intimada a indicar um representante. Porém, passaram-se 10 dias sem resposta. Diante disso, Moraes decidiu postar, de forma inédita, a intimação com o prazo de 24 horas e o risco de suspensão da plataforma.

Musk, ao responder, mesmo que com um meme, está notificado – isso quer dizer que o prazo está correndo e, se a determinação não for cumprida, o X será suspenso no Brasil.

Moraes fez com o X o mesmo que já havia feito com o Telegram – e o que vale para todas as empresas e plataformas. Portanto, não se trata de uma armadilha nem de uma isca, trata-se da lei.

Musk faz jogo de narrativas e tenta manipular a realidade a seu favor. Ele descumpre a legislação, mas diz que é vítima de perseguição e excessos do STF.

Tudo roteirizado para alimentar parte da direita e da extrema direita, que difundem essa narrativa inundando o X de postagens e repostagens. Obviamente, isso gera engajamento e monetização.

Se o usuário ficar sem a rede, será por descumprimento legal do dono da plataforma. O judiciário não pode cair em cenas e jogos de interesses privados.

O STF cumpre missão constitucional de atender ao interesse público. E um empresário que sinalizar querer descumprir as leis do Brasil não está desafiando Moraes ou o STF, está desafiando a ordem do país.

É grave e não pode ser visto somente como provocação. A atitude de Musk gera reações, que já foram tomadas antes e encontram respaldo na jurisprudência do Supremo.