No meu São João tem que ter
O gemido da sanfona,
E o chiado do chinelo
Que o salto alto não clona,
Tem um nordeste abraçado
Xote, baião e xaxado…
Tocando a cada segundo!
Em sítio, vila e cidade
Preservando a identidade
Da maior festa do mundo!
No meu São João, Gonzagão
É REI com fama e tiete,
Ninguém vai sair de casa
Para escutar Juliette.
Henry Freitas que não cria
Ou qualquer pornografia
Não tem palco, não tem vez!
A cultura é quem domina
Caruaru e Campina
Honram Jackson e Marinês.
No meu São João, Alcymar
É Rei sem perder o trono,
Santanna manda e desmanda
No Palco que o verso é dono.
Tem xote de Marcolino,
Tem arte de Vitalino
Tem muganga de Biliu…
Tem tudo que a gente é fã,
Tem Ton, tem Elba, Amazan…
Falando alto ao Brasil.
A “Asa Branca” é o hino.
“Ana Maria” a bandeira
“Se Avexe Não” é a prece
Rezada em toda maneira…
No nosso templo de fé,
É onde Flávio José
Ninguém lhe manda parar.
Quanto mais toca, mais bis,
É São João que o REI LUIZ
É vivo em todo lugar.
Meu São João possui o gosto
De um caldeirão de canjica…
Tem sabor de gente simples
Na história e na cantiga,
Tem arte em forma de gente
Tem a tradição valente
Da nossa chama mais pura
É o São João de verdade
Faz parte da identidade
Força da nossa cultura.
No meu São João ninguém manda
Um forrozeiro parar
E a história do forró
É viva em todo lugar!
Meu São João tem velho e novo
Nasceu com a força do povo
É ritmo, é inspiração!
Suporta a modernidade
Sem perder a identidade
Sem vender a tradição!
Meu São João ninguém licita
Pra dividir a propina,
Sabe preservar a força
Do fole e da concertina.
É a cara do nordeste
Da nossa força inconteste,
Do baião mais genuíno
Só se rende ao forrozeiro
Que é o ídolo verdadeiro
Do coração nordestino!
No meu São João, tudo é NOSSO
No plural, no coletivo!
E o Baião de Dominguinhos
É todo dia mais vivo.
Nós sabemos receber
Mas quem vem tem que saber
Quem manda no meu terreiro,
É xote, baião, é rima,
E não tem Gustavo Lima
Maior que um forrozeiro!
Mariana Teles
Poetisa e advogada, filha do poeta Valdir Teles