Opinião

No meu São João, Luiz Gonzaga é rei (por Mariana Teles)

Por Mariana Teles

João Pessoa (PB)

No meu São João tem que ter

O gemido da sanfona,

E o chiado do chinelo

Que o salto alto não clona,

Tem um nordeste abraçado

Xote, baião e xaxado…

Tocando a cada segundo!

Em sítio, vila e cidade

Preservando a identidade

Da maior festa do mundo!

No meu São João, Gonzagão

É REI com fama e tiete,

Ninguém vai sair de casa

Para escutar Juliette.

Henry Freitas que não cria

Ou qualquer pornografia

Não tem palco, não tem vez!

A cultura é quem domina

Caruaru e Campina

Honram Jackson e Marinês.

No meu São João, Alcymar

É Rei sem perder o trono,

Santanna manda e desmanda

No Palco que o verso é dono.

Tem xote de Marcolino,

Tem arte de Vitalino

Tem muganga de Biliu…

Tem tudo que a gente é fã,

Tem Ton, tem Elba, Amazan…

Falando alto ao Brasil.

A “Asa Branca” é o hino.

“Ana Maria” a bandeira

“Se Avexe Não” é a prece

Rezada em toda maneira…

No nosso templo de fé,

É onde Flávio José

Ninguém lhe manda parar.

Quanto mais toca, mais bis,

É São João que o REI LUIZ

É vivo em todo lugar.

Meu São João possui o gosto

De um caldeirão de canjica…

Tem sabor de gente simples

Na história e na cantiga,

Tem arte em forma de gente

Tem a tradição valente

Da nossa chama mais pura

É o São João de verdade

Faz parte da identidade

Força da nossa cultura.

No meu São João ninguém manda

Um forrozeiro parar

E a história do forró

É viva em todo lugar!

Meu São João tem velho e novo

Nasceu com a força do povo

É ritmo, é inspiração!

Suporta a modernidade

Sem perder a identidade

Sem vender a tradição!

Meu São João ninguém licita

Pra dividir a propina,

Sabe preservar a força

Do fole e da concertina.

É a cara do nordeste

Da nossa força inconteste,

Do baião mais genuíno

Só se rende ao forrozeiro

Que é o ídolo verdadeiro

Do coração nordestino!

No meu São João, tudo é NOSSO

No plural, no coletivo!

E o Baião de Dominguinhos

É todo dia mais vivo.

Nós sabemos receber

Mas quem vem tem que saber

Quem manda no meu terreiro,

É xote, baião, é rima,

E não tem Gustavo Lima

Maior que um forrozeiro!

Mariana Teles
Poetisa e advogada, filha do poeta Valdir Teles