campina grande

Bruno prometeu, mas não permitiu que Marinaldo assumisse o governo por um dia sequer

Por Lenildo Ferreira / Hora Agora

Campina Grande (PB)

Quando Lucas Ribeiro renunciou ao cargo de vice-prefeito para assumir como vice do Estado, o presidente da Câmara Municipal, vereador Marinaldo Cardoso, tornou-se o substituto imediato do prefeito Bruno Cunha Lima.

Pela história de Marinaldo, sua trajetória de homem muito simples, além de sua amizade e contribuição ao grupo político e familiar do chefe do executivo, logo surgiu a expectativa natural de que o presidente do legislativo teria a oportunidade de assumir o governo provisoriamente numa licença do titular.

Antes mesmo, porém, ainda na fase da pré-campanha de 2022, Bruno havia anunciado à imprensa que deveria se afastar temporariamente e, como Lucas não poderia assumir em virtude da campanha eleitoral, Marinaldo receberia esse gesto natural e bonito do prefeito.

Lá se vão quase dois anos desde aquela pré-campanha e um ano e meio desde a renúncia de Lucas. Ultrapassou-se o limite da legislação eleitoral que permitiria a Marinaldo assumir a prefeitura sem ficar impedido, e Bruno jamais fez o que era esperado, o que era tão simples, tão justo e, principalmente, aquilo que havia prometido.

Na política, assim como na vida, os gestos simples dizem muito. Reconhecer os méritos dos outros, valorizar parcerias, cumprir compromissos, honrar os amigos, saber lidar com as divergências e compreender que ninguém é o centro do universo ajuda a consolidar boas relações, construir pontes, pavimentar a mútua fidelidade.

Em uma crise sem precedentes com a Câmara, Bruno só não viu sua ingovernabilidade piorar graças ao esforço direto de Marinaldo, que, inclusive, tem se colocado em rota de colisão com outros vereadores e com o próprio partido para ajudar a gestão.

Teria sido uma ação muito singela, natural na estrutura do nosso sistema democrático, justa e bonita da parte do prefeito permitir que o humilde vereador da Bela Vista coroasse sua trajetória sendo prefeito da cidade por uma ou duas semanas. A promessa não cumprida, contudo, não diminui Marinaldo em nada.

Mas, politicamente, atinge, compromete e fragiliza o próprio Bruno.