O alto percentual de crianças que estão fora das creches em João Pessoa tem atrapalhado o desenvolvimento educacional dos pequenos e prejudicado a vida de pais e responsáveis. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de 2023, uma a cada três crianças de 0 a 3 anos está fora da creche por falta de vagas na rede pública de ensino.
A construção de novas estruturas e a ampliação das vagas é urgente, defende o deputado federal Ruy Carneiro. “Educação transforma vidas e precisa ser tratada como prioridade. A falta de vagas nas creches de João Pessoa não prejudica apenas a formação das crianças. Isso acaba impedindo que pais e responsáveis possam trabalhar e dediquem tempo integral para cuidar de quem está fora da sala de aula. Estamos praticamente na metade do quarto ano da atual gestão e até agora nenhuma nova unidade de educacional foi aberta na capital. O tema tem que ser encarado com seriedade. Os novos equipamentos a serem construídos precisam começar a funcionar o mais rápido possível”, ressaltou.
Ruy defende que durante o período de construção das novas creches, as vagas sejam ofertadas pela Prefeitura por meio de convênios com unidades particulares. “Esse tempo perdido não volta. A criança que hoje está esperando e que deveria estar na creche, daqui a pouco que ela cresceu. Ela não vai ficar eternamente em idade de creche. A solução temporária, que não pode ser tratada como política principal, é a gestão pagar por bolsas e garantir as vagas por meio de creches particulares. O orçamento da Prefeitura é gigantesco e chega a cerca de R$ 4 bilhões. O que existe é a péssima administração desses recursos. É inconcebível você não ter feito uma creche”, enfatizou.
A gravidade da situação foi citada recentemente pelo promotor de justiça de Defesa da Educação, Luis Nicomedes de Figueiredo Neto, durante entrevista ao Sistema Arapuan de Comunicação. “A legislação assegura que o aluno tem direito a frequentar um estabelecimento próximos de sua residência. Compreendemos as dificuldades da gestão, mas é necessário que haja a construção de mais creches. Temos uma rede municipal com quase 200 unidades de ensino e mais de 70 mil alunos na rede pública. Sabemos que é humanamente impossível receber todos esses alunos. O Ministério Público busca o aumento no número de vagas. Que isso possa se tornar política pública efetiva do município, independente do gestor que esteja a frente”, revelou.
Os problemas na educação de João Pessoa também são evidenciados por indicadores nacionais. De acordo com dados do IBGE, a cidade registrou a maior taxa de analfabetismo entre todas as regiões metropolitanas do Brasil, com 7,6%. Números do Pnad também revelaram que a capital paraibana e as demais cidades da Região Metropolitana possuem cerca de 80 mil pessoas analfabetas.