análise

Com vidas em jogo, MPF e CGU têm dever de proteger pacientes do Laureano contra terrorismo em ano eleitoral

Por Maurílio Júnior

Há uma nítida torcida no ar para que ocorra no Hospital Napoleão Laureano o mesmo que aconteceu no Hospital Padre Zé. A ânsia por um suposto escândalo obviamente não fará bem a uma eventual investigação que esteja em curso por parte dos órgãos fiscalizadores, como a Controladoria-Geral da União, que nesta semana divulgou um relatório sobre o atendimento do Hospital ainda em 2021 – ou seja, três anos atrás e em um cenário de pandemia da Covid-19.

É necessário que tanto a CGU quanto o Ministério Público Federal coloquem a bola no chão, a fim de evitar que o Hospital e os pacientes que ali estão não sejam alvos de terrorismo, comum, em ano eleitoral. Em grupos de Whatsapp já corre a fake news de que o atendimento no Laureano pode ser paralisado, o que claramente não reflete a situação atual.

De caráter filantrópico, a unidade recebe recursos públicos através de emendas ou de convênios com municípios, Estado e União. Portanto, toda e qualquer eventual irregularidade ou erro administrativo, que seja comum, sem necessariamente está ligada a atos de corrupção, será explorada politicamente.

Em entrevista à TV Cabo Branco, nessa terça-feira (06.02), o secretário de saúde de João Pessoa, Luís Ferreira, admitiu parte do problema ao município pela ausência de informações prestadas.

“É importante deixar claro que o relatório da CGU foi feito em 2021, era no início de gestão, no meio de uma pandemia, onde a gestão estava iniciando os seus processos, conhecendo a máquina da prefeitura. O Laureano é só uma das instituições que contratamos, é lógico que eu vou verificar isso de forma mais detalhada. Em minha opinião foi uma grande incompetência mesmo, né? A solicitação é feita via ofício, à época ofício físico, né? Hoje nós estamos todos informatizados então se fosse hoje eu conseguiria ver quando foi mandado um ofício, quem mandou. Muito provavelmente isso deve ter se perdido essas solicitações, devem ter se perdido, estou sendo muito sincero com a população. Papel ele se perde, ele rasga, ele cai no lixo, ele é uma coisa que pode se perder, é muito frágil. É por isso que hoje está tudo informatizado, é por isso que hoje não se perde mais nenhuma solicitação porque nós vemos em tempo real”, esclareceu.

Nessa terça-feira (06.02), o Ministério Público Federal recomendou que a Prefeitura de João Pessoa reassuma a regulação de pacientes com câncer, incluindo o Hospital Laureano. Desde 2021, a Prefeitura decidiu repassar a competência para o próprio hospital. Com a alta demanda, todo início de mês tem sido registrado um grande número de pacientes em frente ao hospital para marcação de consultas, agora o trabalho será com o município.

O Hospital Napoleão Laureano é responsável por 70% dos atendimentos em oncologia da população paraibana. É importante que tanto o MPF quanto a CGU protejam o hospital e, sobretudo, os pacientes que ali estão contra o câncer do terrorismo político.