O Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba, apresentou nesta semana à 4ª Vara Criminal da Capital a primeira denúncia referente ao escândalo do Hospital Padre Zé, em João Pessoa. Os denunciados são o Padre Egídio e as ex-diretoras da unidade, Amanda Duarte e Jannyne Dantas. Eles são acusados de crimes de peculato e falsidade ideológica no caso que apura um desvio milionário no hospital de caráter filantrópico.
Na denúncia que o @blogmauriliojunior teve acesso, o Gaeco afirma que o trio cometeu “prática de desvios de recursos públicos que seriam destinados a fins sociais específicos, por meio de fraudes, falsificação de documentos e pagamentos de propina a funcionários vinculados às referidas entidades, proporcionando-lhes a aquisição de bens e serviços de alto custo e uma acumulação patrimonial substancial, gerando uma riqueza ilícita”.
Diz o MP que, o Padre Egídio possui um acúmulo patrimonial, atualmente em torno de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais), que segundo a investigação, não seria possível sem os desvios dos recursos destinados pelo Poder Público ao Instituto São José e à ASA para custear projetos e outras ações sociais, “uma vez que o referido cônego não possui capacidade econômica compatível (aufere remuneração mensal média em torno de R$ 15.000,00), conforme levantamento inicial realizado, sendo evidenciado, desse modo, um enriquecimento ilícito”.
A denúncia mira uma suposta fraude na compra de um veículo Spin por R$ 122 mil no início de 2022. O carro, conforme os investigadores, foi adquirido pelo instituto Padre Zé e colocado no nome de Jannyne Dantas. De acordo com o Gaeco o veículo era utilizado, no entanto, para fins particulares da ex-diretora.
Ainda conforme a denúncia, os investigados ainda alugaram o carro ao próprio instituto Padre Zé, pagando a quantia mensal a Jannyne de R$ 3,5 mil. O veículo, segundo o MP, também teria sido usado pelo marido de Jannyne, Diego Wallace, que é o advogado das ex-diretoras no processo.
O MP fotografou Wallace chegando no CHEVROLET/SPIN, o veículo em questão, durante uma diligência feita pelo órgão no dia 11 de outubro.
Acrescenta o Gaeco que, no dia 31 de agosto, Jannyne entrou em contato com o Detran para passar o veículo para o nome do Instituto São José.
O Gaeco acusa os denunciados de fraudarem um contrato para alugar esse carro ao Instituto São José, confeccionando-o com uma data em que o veículo ainda não havia sido adquirido.
Os segredos do Padre Egídio
Também na denúncia, o Gaeco juntou à cota ministerial informações adicionais do processo. Em uma delas, o MP diz que o Padre Egídio detém relações com diversos grupos sociais na Paraíba e, em razão do sacramento religioso da confissão, “possui segredos de diversas autoridades e empresários da cidade, que poderão ser utilizados para intimidar testemunhas, obstando o sequenciamento da instrução processual e prosseguimento das investigações, especialmente diante do poderio e da proximidade que o denunciado possui com diversas autoridades do Executivo, Judiciário, Legislativo e do Ministério Público”.