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No Sertão da PB, presidente de Câmara humilha vereadora e até ameaça com censura

Por Maurílio Júnior

O presidente da Câmara Municipal de Santa Luzia, Netto Lima (MDB), constrangeu uma parlamentar durante sessão da Casa na última terça-feira (28.11). Ele está sendo acusado de ‘violência política de gênero’.

A tentativa de humilhação de Netto Lima contra a vereadora Hianna Nóbrega (União) teve início quando ele tentou evitar que ela opinasse durante a votação de uma matéria de seu interesse. Na ocasião estava sendo discutido um projeto da Mesa Diretora que previa a criação de mais seis cargos comissionados.

A parlamentar questionava o uso político do legislativo, para demonstração de força, já que Netto é pré-candidato a prefeito pela oposição. Minutos antes ele havia conseguido derrubar um projeto Executivo que tratava da criação de novas secretarias no município.

Confrontado pela vereadora, o presidente da Casa tentou desqualificar Hianna, ao ironizar a falta de experiência da vereadora, e disse que ela deveria “pesquisar muita coisa”. Em seguida, quando ela tentou novamente argumentar, ele exigiu que ela se calasse e ameaçou corta o microfone caso ela continuasse, apelando para o Regimento Interno.

Prefeito repudia postura de vereador

Em nota, o prefeito José Alexandre de Araújo manifestou apoio às vereadoras Dra. Hianna Nóbrega e Ceicinha Cabral, e repudiou a agressão sofrida pelas referidas parlamentares.

“Não bastasse as ameaças acima do tom cordial e respeitoso que o parlamento exige entre colegas, o presidente da Câmara Municipal tentou desqualificar a atuação das duas únicas representantes femininas na Câmara Municipal de Santa Luzia, uma espécie de afronta velada e direta do agressor, pré-candidato a prefeito, com objetivos eleitoreiros claros, devido ao posicionamento político das duas parlamentares”, escreveu.

“Um caso evidente de violência política de gênero tipificada pela Lei nº 14.192/2021. O dispositivo legal prevê a criminalização de condutas, dentre outras, como a depreciação da condição de mulher candidata a cargo eletivo ou detentora de mandato eletivo, utilizando-se de menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia”, acrescentou.