A campanha Outubro Rosa visa conscientizar mulheres sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Mas, o desconhecimento, a insegurança e o medo, muitas vezes são fatores determinantes para afastar mulheres de uma rotina de exames ao longo da vida e, consequentemente, mais distantes de um possível diagnóstico precoce para doença.
O psicólogo Luís Augusto Mendes afirma que a campanha do Outubro Rosa contribui para o enfrentamento ao medo do câncer de mama vivido por tantas mulheres e explica que este sentimento não é racional. “Ele é uma emoção básica que, segundo as pesquisas, é ativado antes mesmo de se parar para pensar. Ele desafia a lógica. Então o medo se alimenta muito de informações que se vai coletando e quando se fala de câncer na nossa sociedade, são inúmeros os casos em que se escuta dizer que não se quer nem pronunciar o nome da doença. É um estigma tão poderoso que as pessoas evitam até falar o nome”, destaca.
Luís Mendes que também é doutor em psicologia social ressalta que o Outubro Rosa é relevante para que a sociedade, mas, sobretudo as mulheres – que são as mais acometidas pela doença – possam superar o medo a partir da obtenção de informações seguras e esse é justamente o papel da campanha, educar a sociedade para o conhecimento acerca da doença. “A campanha vem justamente trazer as respostas que o medo vai levantar, porque o medo ele tem alguns processos e o mais forte dele é chamado de luta ou fuga”, ressalta.
O especialista entende que o processo de fuga ou luta surge como uma estratégia de se evitar qualquer possibilidade de abordar a doença. “É muito comum nesse processo ouvir: não estou sentindo nada, estou bem, não estou sentindo nenhuma dor e isso leva anão praticar a medicina preventiva que hoje é, sem dúvida, a melhor forma de se evitar qualquer doença”, pondera Mendes.
Enfrentando o medo do diagnóstico
O psicólogo Luís Mendes explica que se o medo é uma ferramenta do sistema de proteção dos indivíduos, autônomo inconsciente é preciso trazê-lo para consciência e o primeiro passo é entender que ele não é contra o indivíduo, mas é preciso normalizá-lo. Um caminho para isto é reconhecer quais são os medos e buscar as respostas para cada um deles. “É listar cada um desses medos, medo da queda de cabelo, do tratamento e do outro lado procure essas respostas. Se você não tiver as respostas, a campanha ela serve justamente para isso, para disponibilizar informações específicas e responder a cada um dos medos”, sugere e acrescenta: “Lógico que não zera o medo, o medo ele não é mentiroso. Mas nem tudo que ele fala é verdade”, alerta.
Outro ponto que o doutor em psicologia social julga ser relevante nesse processo de combater o medo diante do diagnóstico de um câncer de mama é entender o que é a aceitação e o compromisso. “A aceitação não é gostar. Aceitar é entender que existe e entendendo que existe, ter o compromisso de ter o melhor desempenho possível para que se alcance a cura”, orienta Luís Mendes.
Dados
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa é de que no Brasil sejam registrados 73.610 casos novos de câncer de mama ainda este ano. Os principais sinais e sintomas suspeitos da doença são: caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas). Não há uma causa única para o câncer de mama. Diversos fatores estão relacionados ao desenvolvimento da doença entre as mulheres, como: envelhecimento, determinantes relacionados à vida reprodutiva da mulher, histórico familiar de câncer de mama, consumo de álcool, excesso de peso, atividade física insuficiente e exposição à radiação ionizante.
Sobre Luís Mendes
Psicólogo Clínico, com formação em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo Beck Institute for Cognitive Behavior Therapy (EUA), pesquisador e rofessor universitário, mestre e doutor em Psicologia Social e colunista da rádio CBN João Pessoa (Coluna Conversa Saudável).