A crise no PL da Paraíba após o ex-ministro Marcelo Queiroga assumir a presidência do partido em João Pessoa repercutiu na imprensa nacional. Carlos Madeiros, colunista do UOL, publicou uma reportagem nesta quinta-feira (28) onde detalha o racha do partido no Estado.
Segundo comentou o colunista, a escolha causou revolta entre o trio de bolsonaristas, os deputados Cabo Gilberto, Walber Virgolino, e o ex-candidato ao Governo do Estado, Nilvan Ferreira. Os três anunciaram que vão deixar o partido.
Em entrevista ao Uol, Nilvan declarou que “Foi um golpe [a indicação de Queiroga], está nítido”.
Já o ex-ministro disse, em vídeo, que a decisão foi do diretório nacional “alinhado com Jair Bolsonaro”. O presidente do partido na Paraíba, deputado federal Wellington Roberto, também negou o suposto golpe.
A reportagem apontou, ainda, que apesar de Queiroga estar no centro do problema, o alvo principal dos bolsonaristas paraibanos é o presidente do PL no Estado, o deputado federal Wellington Roberto. “Ele [Wellington Roberto] manda no partido há mais de 20 anos, é o coronel e dono do partido”, declara Nilvan.
“Queiroga é um cidadão de bem, respeitado, e fez um trabalho importante como ministro da Saúde. O problema é como o PL decidiu resolver o candidato [à prefeitura] aqui em João Pessoa”, disse Nilvan Ferreira ao Uol.
Para Nilvan, o ex-ministro de Bolsonaro não é um candidato competitivo, e por isso não deveria ser escolhido para disputar as eleições municipais de 2024.
“Ele tem 1% nas pesquisas. Na eleição para governador, eu venci a máquina do estado e da prefeitura que apoiaram João Azevedo e fui o mais votado aqui na capital”, completou Nilvan Ferreira.
Trio bolsonarista revoltado
Além disso, o colunista apontou a revolta do trio bolsonarista. O PL em João Pessoa era dirigido pelo deputado federal Cabo Gilberto, que comandava uma comissão provisória com mandato previsto até fevereiro de 2024. Cabo Gilberto, Nilvan Ferreira e Walber Virgolino têm um acordo para que, entre eles, saia um nome bolsonarista para a disputa da prefeitura da capital em 2024.
Eles se filiaram ao PL por causa de Bolsonaro no ano passado. Agora anunciam que vão deixar o partido para ir a uma sigla para concorrer à prefeitura.
O trio inocenta Bolsonaro e diz não acreditar que ele tenha participado das tratativas na Paraíba. Em nome do grupo, Nilvan afirma que o ex-presidente está sendo “usado” pelo partido no estado.
“O PL na Paraíba é apêndice da esquerda, aliado do PT e do PSB. Por isso não querem a direita verdadeira na legenda. O PL está usando a direita e Bolsonaro, mas não está preocupado com Bolsonaro e não tem compromisso com nossas pautas conservadoras”, disse Nilvan Ferreira.
Um dos pontos que provaria essa ligação, afirmam eles, foi a adesão pública do deputado estadual Caio Roberto, filho de Wellington, ao governador João Azevedo (PSB), que é aliado de Lula.
Presidente do PL diz que decisão foi legal
Wellington Roberto rebateu a acusação de golpe para a indicação de Queiroga. “Essa palavra está na moda, por conta desse debate de 8 de janeiro, se ia ter golpe ou não, e eles estão aproveitando para pegar carona. Não existe golpe, o que houve foi uma avaliação da direção nacional do partido.”
O presidente do PL na Paraíba conta que conversou sobre a mudança com Bolsonaro e que a decisão de mudar a direção foi tomada em conjunto com a executiva nacional. Ele ainda defendeu o ex-ministro Queiroga como candidato em 2024.
“Queiroga assumiu o Ministério da Saúde no meio da maior crise sanitária do século, é bolsonarista mesmo! Querer comparar a confiança que Bolsonaro tem em Queiroga com a que tem neles? Eles querem é a desunião da direita, isso sim. Bolsonaro sabe as pessoas que vestem a camisa na hora que precisa”, disse Wellington Roberto, presidente do PL na Paraíba, ao Uol.
Segundo ele, o trio só teve uma boa votação em 2022 porque “usou o nome de Bolsonaro”.
“Eles estão nervosos e desesperados com a credibilidade que eu tenho dentro do partido, e querem chegar agora e já tomar conta do partido. Para isso, falam e criam fake news e fazem esse tipo de coisa covarde”, Wellington Roberto.
O que diz Queiroga
O ex-ministro citou que a sua indicação foi acertada com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, seguindo orientações de Jair Bolsonaro. “Nosso líder maior [Bolsonaro] achou por bem me conduzir para comandar os destinos do partido”, declarou, em vídeo publicado em suas redes sociais na segunda-feira. Procurado, Queiroga não retornou ao pedido de entre entrevista feito pela coluna.
“O objetivo dessa medida é unir esforços no partido para fortalecer a pré-candidatura a prefeito de João Pessoa em 2024. Todos sabem que precisamos reestruturar partido na cidade para caminharmos juntos”, disse Marcelo Queiroga.