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Áudios de Robinho revelam risadas ao saber de denúncia de estupro: “Tô nem aí”; ouça

Por Maurílio Júnior

Foto: Reprodução/UOL

Robinho riu ao ouvir pela primeira vez sobre ter sido denunciado por estupro na Itália, em caso ocorrido em janeiro de 2013. Um ano após o episódio, em uma discoteca em Milão, ele foi alertado por um amigo da investigação, mas não pareceu levar à sério. Ele acabou condenado a nove anos de prisão, mas não cumpriu a pena, por já ter voltado ao Brasil.

O “UOL” revelou nesta quarta-feira (14) alguns áudios de conversas que foram base para sua condenação em processo na Justiça da Itália. O conteúdo dos grampos, em ligações para amigos também envolvidos no caso, não é novo, já revelados em 2020 através de transcrições do processo. É a primeira vez, porém, que é possível ouvir tudo da boca do próprio Robinho.

Nos áudios do processo, Robinho foi avisado da acusação de uma mulher albanesa, abusada pelo então jogador do Milan e seus amigos na discoteca “Sio Café”, por Jairo Chagas, que é músico. Ele conta ao atleta que foi chamado para depor pela polícia de Milão na condição de testemunha.

https://twitter.com/UOLNoticias/status/1668968769371217920

Nos áudios, é possível ouvir claramente Robinho rindo quando é alertado pelo colega que as autoridades estavam investigando o caso após a vítima realizar a denúncia.

O atacante minimiza a preocupação de Jairo e diz que “não está nem aí” para a situação. Robinho diz que não tinha feito “p… nenhuma” e que sequer conhecia a mulher. Em meio às risadas, o atleta coloca a culpa nos demais amigos que estavam presentes no local.

(Jairo) – Caiu aquela parada lá do Sio, hein?

(Robinho) – Como é que é?

(Jairo) – Mina denunciou geral, véi.

(Robinho) – Quem?

(Jairo) – A mina do Sio Café, do aniversário do Rudney.

(Robinho) – Eu tô fora. Pau no c… deles.

(…)

(Jairo) – Ela denunciou geral. Ela denunciou geral. Me chamaram para depor.

(Robinho dá risada)

(Jairo) – Estou falando sério. É sério, mané. Ela deu nome de todo mundo que estava lá.

(Robinho) – Eu estou fora, estou nem vendo.

(Jairo) – Eu sei, mano. Mas oh, você está fora? Ela deu o nome de geral.

(Robinho intensifica as risadas)

(Jairo) – Você está rindo?

(Robinho) – Pau no c… deles. Eles que pegaram a menina, eu fiz p… nenhuma. Nem conheço essa p…

(Robinho ri)

(Jairo) – Po, tô falando sério. Você está rindo?

(…)

(Jairo) – Ela deu seu nome, ela deu seu nome

(Robinho) – Que meu nome? Ela não me conhece. Como deu nome? É impossível.

(Jairo) – Major, estou falando sério. Não estou falando mentira, não.

(Robinho) – É, eu sei, eu também, por isso que estou rindo. Não estou nem aí. A mina estava extremamente embriagada, não sabe nem quem eu sou.

Os amigos de Robinho também envolvidos no caso eram Rudney Gomes, Clayton Santos, Alexsandro da Silva, Fábio Galan e Ricardo Falco.

Todos os citados haviam sido denunciados por violência sexual em grupo, o que consta no artigo 609 do Código Penal Italiano. Porém, apenas Robinho e Falco foram condenados a nove anos de prisão sem nova possibilidade de recurso. Os demais não foram julgados na Itália, por já não estarem no país na época da denúncia – eles haviam retornado ao Brasil.

Jairo, que não teve participação no estupro, foi denunciado e condenado, porém, por ter dado falsos testemunhos. Segundo os italianos, o músico mentiu ao longo da investigação.

Relembre a condenação de Robinho por estupro

Tudo começou no dia 22 de janeiro de 2013, em Milão. Na boate Sio Cafe, uma mulher albanesa foi estuprada, segundo conclusão da Justiça, por Robinho e mais cinco amigos.

No entanto, quatro amigos do jogador deixaram a Itália durante as investigações e, por isso, não foram processados. Robinho e Ricardo Falco continuaram no país e acabaram condenados a nove anos de prisão em última instância em janeiro de 2022.

Como está no Brasil, Robinho não cumpriu a pena, já que o país não permite extradição de seus naturais. Por conta disso, a Justiça italiana tenta, desde o início de 2023, que o ex-seleção brasileira cumpra a pena no seu país de origem.

O ministro João Otávio de Noronha, do Superior Tribunal de Justiça, pediu vistas do caso até a próxima segunda-feira (19). Ele deve revelar sua decisão na quarta (21) ou, então, prorrogar por mais 30 dias a análise para que o pedido italiano tenha andamento ou não.

A defesa de Robinho pede a intimação do governo italiano para apresentar uma cópia integral traduzida do processo contra o jogador.