A jornalista da TV Globo Delis Ortiz, agredida por agentes de segurança brasileiros durante uma entrevista coletiva improvisada do ditador Nicolás Maduro, atribuiu os ataques à falta de organização do evento e aos pedidos do venezuelano para restrição de espaço para a cobertura da reunião.
Maduro participou do encontro entre líderes da América do Sul, realizado no Palácio do Itamaraty e promovido pelo presidente Lula (PT). O objetivo do encontro era relançar um mecanismo de integração na região.
Em entrevista nesta quarta-feira (31) à Globonews, Delis disse ter se sentido assustada com a hostilidade dos seguranças, especialmente os brasileiros, que ela afirmou estarem “despreparados para esse tipo de evento”.
“Por exemplo, o comitê de imprensa do Itamaraty, a imprensa brasileira foi retirada do comitê porque havia uma exigência da equipe de Maduro, que queria uma sala reservadíssima para eles. Foi um absurdo, foi um absurdo atrás do outro, e o pivô disso tudo, com certeza, é Maduro.”
A jornalista detalhou a agressão sofrida, citando ter levado uma pancada acidental no pescoço de um segurança do ditador venezuelano e, em seguida, um soco intencional no peito desferido por um agente brasileiro, recrutado pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
“Eu levei o soco foi de um menino, que deve ter 18, 19 anos, que são recrutados, eles estão no serviço militar, e são recrutados pelo GSI, absolutamente despreparados pra esse tipo de evento. Eles entraram em pânico e, junto a isso, entraram no ritmo dos seguranças do Maduro”, reiterou a jornalista.
Ao fim, afirmou que a imprensa brasileira não pode aceitar este tipo de tratamento. “Foi assustador, porque eu não estou fora do meu país, todo mundo conhece a gente, sabe o que a gente tava fazendo ali”, concluiu Delis.
Folha de SP