(Cógenes Lira/Paraíba Já) Mesmo com os donos da BraisCompany, Antônio Neto Ais e Fabrícia Farias foragidos da Justiça, alguns líderes ligados à corretora de criptoativos sediada em Campina Grande seguem movimentando as carteiras com os investimentos em criptomoedas. O Paraíba Já teve acesso com exclusividade às movimentações de uma carteira ligada à empresa que é investigada pela Operação Halving, da Polícia Federal.
A carteira movimentou mais de U$ 141 mil (dólares), algo em torno de R$ 735,1 mil na cotação atual, num intervalo de 10 dias – tendo como referência o dia 26 de fevereiro. Inclusive, chegou a ter movimentação no dia de deflagração da operação da PF contra a BraisCompany e seus donos, no dia 16 de fevereiro.
Uma entrada de U$ 20 mil (R$ 104 mil) aconteceu no dia 16 de fevereiro, e uma hora depois houve a transferência do valor. No dia seguinte, 17 de fevereiro, houve a entrada de U$ 50 mil (R$ 260 mil) na carteira, e em menos de uma hora já aconteceu a transferência do mesmo valor.
Já no dia 19 de fevereiro, uma entrada de U$ 38 mil (R$ 198,9 mil) foi registrada nesta carteira ligada à BraisCompany. Também num intervalo de menos de uma hora os R$ 38 mil foram transferidos.
A carteira então ficou uma semana sem movimentação. Até registrar a entrada de U$ 33,1 mil (R$ 172,4 mil) no último sábado (25), a menos de uma semana. Os destinos das transferência não foram identificados. As movimentações foram em stablecoins pareadas em dólar.
As cifras das movimentações blockchain foram enviadas por uma fonte ao Paraíba Já, que pediu anonimato. O detalhamento dos dados referente à carteira pode atrapalhar as investigações do caso.
Confira movimentações:
Dia 16 de fevereiro: entrou U$ 20 mil e saiu U$ 20 mil
Dia 17 de fevereiro: entrou U$ 50 mil e saiu U$ 50 mil
Dia 19 de fevereiro: entrou U$ 38 mil e saiu U$ 38 mil
Dia 25 de fevereiro: entrou U$ 33,1 mil
Suspeita
A carteira que ocorreu as movimentações pode ser de um broker ou gerente da BraisCompany. A fonte preferiu não especificar a titularidade da conta na exchange.
O Ministério Público da Paraíba apontou no curso da investigação que a BraisCompany opera por meio de carteiras de pessoas físicas, dos brokers ou gerentes, nas exchanges. A carteira de Fabrícia Farias seria a principal.
Inclusive, as contas dos brokers que operam em exchanges, como a Binance, para a BraisCompany foram alvo de pedidos de bloqueios por parte do Ministério Público. Indicando assim a participação efetiva da classe nos negócios da empresa. As carteiras de vários brokers foram bloqueadas 24 horas antes da operação da Polícia Federal contra a corretora de criptoativos.
Juiz aponta pirâmide financeira
Em sua decisão, o juiz da 5ª Vara Cível da Capital, Onaldo Rocha de Queiroga destacou inicialmente que a BraisCompany tem fortes indícios de ser uma pirâmide financeira, algo negado pelos empresários Antônio Neto Ais e Fabrícia Farias, juntamente com seus brokers, gerentes e traders.
“Em uma visão preliminar do feito, convém afirmar que existem fortes indícios de que este seja mais um, dentre os vários casos de pirâmides financeiras que lesam pessoas incautas e que desejam obter lucro fácil”, afirmou Queiroga.
“Através de informações extraídas da mídia, já se tornou público o fato de que o negócio da ré fracassou, pois a empresa Braiscompany, encontra-se envolvida em escândalos policialescos por possível prática do pichardismo, ou, na expressão mais comum, de pirâmide financeira”, completou mais à frente.
Donos foragidos
O juiz Vinício Costa Vidor, da 4ª Vara da Justiça Federal em Campina Grande, determinou na sexta-feira (24), mandados de prisão preventiva contra Antônio Neto Ais e Fabrícia Farias Campos, donos da corretora de criptoativos BraisCompany.
Magistrado também solicitou que a Polícia Federal na Paraíba envie aviso para a Interpol, a polícia internacional. Com isso, Ais e Fabrícia passam a ser procurados no mundo inteiro. Casal é considerado foragido desde o dia 16 de fevereiro, quando não foram localizados pela Polícia Federal para cumprimento de mandado de prisão temporária à época.