Análise: ‘inspiração’ para João Pessoa, Balneário Camboriú é péssimo exemplo

Prefeito Cícero Lucena e o secretário de Planejamento, José William Montenegro, foram a Balneário Camboriú em 2022.

Os estudos em torno de um projeto de engorda das belas praias urbanas de João Pessoa foi indiscutivelmente o assunto da semana na Capital. O tema, no entanto, não é novo. No ano passado, o prefeito Cícero Lucena (PP) já havia anunciado a intenção de acelerar com a proposta. A inspiração do gestor é o projeto executado em Balneário Camboriú (SC). Em março de 2022, Cícero foi a cidade catarinense para acompanhar o resultado e também recebeu em João Pessoa os responsáveis pelas obras no litoral de Santa Catarina.

A repercussão em 2022 foi menor em relação ao que estamos acompanhando nesta semana após Cícero antecipar detalhes do projeto que, segundo ele, ainda levará mais 4 meses para ser apresentado definitivamente. O prefeito informou na terça-feira (07/02) que está previsto uma pista viária que ligaria o Cabo Branco à Ponta do Seixas por baixo, e portanto contornando a Falésia do Cabo Branco, local onde diariamente o mar bate hoje em dia. Além disso, Cícero também prometeu alargar toda a faixa da praia de Manaíra, entre o Hotel Tambaú e o Mag Shopping, e ainda a área denominada de Caribessa. Cícero explica que o projeto prevê a construção de uma terceira via na avenida paralela à praia, o alargamento da calçadinha e a transferência da ciclovia para depois da calçada.

As declarações foram suficientes para ambientalistas se manifestarem contra a proposta. O projeto ainda em análise também não conta com a simpatia da população, a julgar pelos diversos comentários feitos através das redes sociais. Para agravar, as notícias vindas de Balneário Camboriú nas últimas horas são preocupantes, já que a cidade é o ponto de inspiração da gestão pessoense. Nesta sexta-feira (10/02), máquina recolhearam colônias de animais marinhos da areia da Praia Central de Balneário Camboriú. A Secretaria de Meio Ambiente do Município informou que eles acabam sendo trazidos pelo mar para a areia, mas morrem na orla. Em decomposição, eles emitem um cheiro desagradável e essa é a principal razão para eles serem recolhidos. “A gente indica não tomar banho onde eles estão porque podem trazer material cortante, madeira, já que são um emaranhado de organismos”, disse o órgão.

Já na terça-feira (07/02), vários veículos nacionais noticiaram que as praias de Balneário Camboriú atingiram nível máximo de coliformes fecais. A Folha de São Paulo destacou que “desde que a obra foi entregue, no fim de 2021, houve aquecimento do turismo na região, mas também relatos mais frequentes sobre a formação de bancos de areia na praia, além de alertas de especialistas sobre impactos no ecossistema”. Já o IMA, órgão responsável pelo monitoramento da balneabilidade no estado de Santa Catarina, disse a identificação de coliformes fecais representa “ambiente suscetível à presença de outros patógenos que podem levar a doenças como gastroenterites e viroses e outras mais graves, mas menos comuns, como hepatite, cólera e febre tifoide”.

Os acontecimentos em Balneário Camboriú na mesma semana em que coincidiu com o debate em João Pessoa mostram que a cidade catarinense não deve servir de inspiração para Capital paraibana. Balneário é uma tragédia ambiental alimentada por delírios de ganâncias, que deve passar longe de João Pessoa.

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