Um deputado paraibano foi destaque, neste domingo, em levantamento feito pelo UOL sobre eleitos que se autodeclararam pardo ou negro, mas são idenficados como branco por banca de heteroidentificação racial — método usado para evitar fraudes nas cotas raciais contratada pelo veículo de imprensa.
Trata-se de Wellington Roberto, dono do PL na Paraíba. O deputadoi foi eleito com 109 mil votos, o segundo mais votado do seu partido, atrás do deputado estadual Cabo Gilberto Silva. Interpelado três vezes por e-mail e telefone, ele não respondeu aos questionamentos da reportagem do UOL.
De acordo com o levantamento do site, 135 dos 513 parlamentares eleitos falam ser negros. Porém, 51,1% deles tiveram a autodeclaração contestada pela banca de heteroidentificação. Os partidos de direita, o qual Wellington Roberto faz parte, são os que mais elegeram deputados federais autodeclarados negros. Juntos, PL, Republicanos, União Brasil e PP têm 57% dos eleitos deste grupo racial.
Esta é a primeira eleição em que os partidos foram obrigados, após uma decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a destinar de forma proporcional às campanhas de candidatos negros o dinheiro dos fundos partidário e eleitoral. Só este último dispunha de R$ 4,9 bilhões, a maior verba desde a sua criação, em 2017. Neste sentido, possíveis fraudes na autodeclaração podem camuflar a falta de avanço da representatividade na política — ainda longe de espelhar a fatia negra na população brasileira, de 56,2% — como também impedir a análise da efetividade da ação afirmativa.