(Bernardo Mello Franco/O Globo) Pintou um clima de derrota na campanha de Jair Bolsonaro.
A quatro dias do segundo turno, aliados do presidente começaram a clamar pelo adiamento da eleição. Alegam que ele teria sido prejudicado na transmissão de propaganda em rádios no Nordeste.
O factoide da campanha bolsonarista não comoveu o TSE. Nesta quarta, o ministro Alexandre de Moraes arquivou a queixa por não ver “qualquer indício mínimo de prova”. Para completar, determinou que seus autores sejam investigados por tentativa de tumultuar o processo eleitoral.
A “denúncia” feita pelo ministro Fábio Faria se baseava num relatório apócrifo. Instada a listar as rádios que não teriam transmitido as inserções do PL, a campanha citou apenas oito emissoras, de municípios como Itamaraju (BA) e Várzea da Roça (BA).
Ainda que a queixa dos governistas fosse verdadeira, não teria a mínima influência numa disputa que envolverá 156 milhões de eleitores. Além disso, a responsabilidade de fiscalizar a veiculação da propaganda é dos partidos políticos, e não da Justiça Eleitoral.
Contrariado, Bolsonaro vazou a informação de que convocou uma “reunião de emergência” com os comandantes militares. Em seguida, chamou a imprensa para um “pronunciamento”, no qual voltou a atacar o presidente do TSE. Em nova insinuação golpista, ele prometeu ir até as “últimas consequências” no caso.
Bolsonaro falou como candidato, não como presidente. Mas fez questão de usar o Palácio da Alvorada e de aparecer ao lado de dois ministros: Anderson Torres (Justiça), superior hierárquico da Polícia Federal, e Augusto Heleno (GSI), chefe da Abin. As presenças sugerem que os dois órgãos de investigação podem ser envolvidos numa trama para tumultuar o ambiente político até domingo.
Se a intenção de Bolsonaro era demonstrar força, o efeito foi o contrário. Seu esperneio serviu como um atestado de fraqueza. E de medo da possível derrota nas urnas no domingo.