Pesquisa Atlas: Lula sobe e Bolsonaro cai; veja

Por Maurílio Júnior

Divulgação/Atlas

A última pesquisa Atlas em nível nacional, cujos números completos são divulgados em primeira mão e com exclusividade pelo PollsterGraph, traz boas notícias para Lula e más para Bolsonaro.

O líder petista tinha 51,1% dos votos totais e 52,4% dos votos válidos na última pesquisa, com resultados coletados até o dia 12/10. No novo levantamento, com resultados coletados até o dia 22/10, Lula cresceu 0,9 pontos percentuais, alcançando 52% dos votos totais e 53% dos votos válidos.

Jair Bolsonaro, por outro lado, tinha 46,5% dos votos totais e 47,6% dos votos válidos. O atual presidente caiu 0,3 pontos percentuais em votos totais e, agora, tem 47% dos votos válidos. Portanto, a vantagem de Lula aumentou de 4,6 para 5,8 pontos percentuais em votos totais e de 4,8 para 6 p. p. em votos válidos.

Apesar das duas variações estarem dentro da margem de erro, isso não significa que a estabilidade é o cenário mais provável. Dada a dimensão das variações, o mais provável é que a evolução real das intenções de voto favoreça Lula.

A última pesquisa indicava a 2ª eleição mais apertada da Nova República, atrás apenas da eleição de 2014, quando Dilma ganhou com 51,6% dos votos válidos. Agora, o resultado já é similar ao de 1989, quando Collor venceu com 53% dos votos válidos.

A margem de erro é de 1 ponto percentual e a confiança (probabilidade do resultado estar dentro da margem de erro) é de 95%. Os dados foram coletados via web entre os dias 18 e 22, com participação de 4500 eleitores em 1404 municípios. A própria AtlasIntel contratou o levantamento e o registro no TSE é BR-06415/2022.

Cresce a transferência de votos de Tebet e Ciro para Lula

Um dos fatores que explica o crescimento de Lula é a crescente transferência de votos que eram de Simone Tebet no 1º turno. Na pesquisa anterior, 54,2% dos eleitores de Tebet declaravam voto em Lula e esse percentual cresceu para 69,6%. Nesse mesmo grupo, 29,2% declaravam voto em Bolsonaro, contra 18,2% nessa pesquisa. Ou seja, a vantagem de Lula cresceu de 25 para 51,4 pontos percentuais entre os eleitores de Tebet.

Entre os eleitores de Ciro Gomes, Bolsonaro vencia por 53,9% a 39,1%. O resultado se inverteu. Agora, Lula lidera com 51,3% a 41,6%. A vantagem de Bolsonaro era de 14,8 pontos percentuais e se transformou numa vantagem de 9,7 pontos percentuais.

É interessante observar que Bolsonaro perde poucos votos entre os eleitores de Ciro, mas uma parcela grande dos indecisos decidiu apoiar Lula. Entre os eleitores de Tebet, Bolsonaro cai e Lula cresce. Apesar dos dois apoiarem o candidato petista, Tebet está engajada na campanha, participando de passeatas e do horário eleitoral. Ciro se limitou a publicar nas redes sociais que acompanharia a decisão do seu partido.

É importante observar que os resultados de sub-amostras devem ser analisados com cuidado, especialmente na comparação entre uma pesquisa e outra. Apesar disso, diferenças tão relevantes merecem atenção.

Avaliação do governo Bolsonaro piora e imagem de Lula melhora

Outro fator importante para entender a mudança é a piora na avaliação do governo:

– O percentual de eleitores que avalia a gestão de Bolsonaro como ruim ou péssima subiu 1 ponto percentual – de 48,4% para 49,4%

– A reprovação ao desempenho de Bolsonaro subiu 0,7 pontos percentuais – de 32,3% para 33%

– A imagem pessoal de Bolsonaro piorou, com um aumento de 2 pontos percentuais no conjunto que avalia negativamente o presidente – de 52% para 54%

É interessante observar que, de modo geral, a avaliação do desempenho de Bolsonaro na presidência e a imagem pessoal dele seguem estáveis, enquanto o percentual que avalia o governo como ótimo ou bom subiu 0,7 pontos percentuais.

Portanto, o movimento parece ser de estabilidade ou leve subida, mas se combina com outro movimento, mais expressivo, no sentido contrário. Por outro lado, a imagem pessoal de Lula subiu 2 pontos percentuais.

Petistas são minoria e “isentões” fazem a diferença para Lula

Por fim, vale a pena observar que apenas 21,3% da população se declara “petista”, enquanto 30,2% se diz antipetista. O maior grupo (45% do eleitorado) não se identifica com nenhum dos dois rótulos. Este é o conjunto de eleitores decisivo para Lula.

Os não-alinhados vão definir a eleição. Portanto, as duas campanhas precisam ajustar o discurso para agradar esse grupo. Nele, estão os eleitores mais propensos a mudar de voto.

Mesmo assim, o crescimento dos candidatos é cada vez mais improvável.